Rômulo Kipper: PCdoB, militância, religiões e períodos eleitorais
O PCdoB tem compromisso com a defesa do Estado laico. Isso não está em discussão. O PCdoB foi o propositor da liberdade religiosa no Brasil, a partir de 1946, isso é fato. A recente visita do Papa, o crescimento do número de evangélicos no Brasil – e sua influência política, as manifestações de junho, tem reavivado o debate sobre as relações do Estado (e suas leis) e religião.
Por Romulo Messias Kipper*
Publicado 26/08/2013 09:27 | Editado 13/12/2019 03:30
Embates acontecem em temas como homossexualidade, drogas, aborto, células troncos, símbolos religiosos. Nos períodos eleitorais, a temática aflora com intensidade, e por vezes, setores conservadores a utilizam para constranger e tentar criar ambientes desfavoráveis para a apresentação das candidaturas progressistas.
As religiões são construções da engenhosidade (ou da falta dela) da humanidade. Influenciaram, e influenciam as relações sociais em todo planeta. No Brasil, 92% declararam possuir alguma religião, de acordo com o último censo. É nessa realidade concreta que o PCdoB atua.
Na atual quadra da luta política brasileira, as eleições majoritárias e proporcionais têm ocupado papel central, assim necessitamos, a fim de cumprir nossos objetivos programáticos, acumular força nesta frente. E para esta acumulação é necessário fazer votos e conquistar mandatos. Para sermos vitoriosos precisamos montar estratégias eleitorais que dialoguem com amplas massas, incluindo as influenciadas pelas diversas religiões. O isolamento do PCdoB só serve para os reacionários.
Sendo a espiritualidade e o exercício de uma religião, em um Estado laico, uma questão de escolha pessoal, a explicação sobre uma eventual contradição existente entre a opção eleitoral, ou a adesão ao Partido Comunista, e as opções religiosas de um indivíduo, cabe muito mais ao indivíduo do que ao Partido.
Apesar do acalorado debate que as questões religiosas despertam entre os debatedores, o eleitorado brasileiro, nos diferentes níveis, e principalmente nas eleições majoritárias, parece que tem decidido seu voto levando em consideração aspectos mais próximos de suas condições concretas de vida – dos problemas dele decorrentes e das soluções para eles propostos. Desta forma, nos períodos de disputas eleitorais (que pela lei atual duram três meses) este deve ser nosso foco: criar um ambiente favorável para apresentar a plataforma eleitoral do Partido às amplas parcelas do povo, disputando, para ganhar, seus votos. A luta política e de idéias não ocorre somente no período eleitoral. Fora dele dispomos, apesar do monopólio da mídia, de oportunidades de expor – e a isto não podemos nos furtar – pacientemente, nossa concepção – materialista – de mundo: para as amplas massas, para os nossos filiados, para os nossos militantes e para nossos quadros, respeitando e compreendendo o tempo e as condições objetivas e subjetivas de aprendizado de cada um desses segmentos, tendo sempre por objetivo a consecução do programa do Partido.
Rômulo Messias Kipper é militante do PCdoB Novo Hamburgo, RS.