Carlos Gonçalves: O Big Brother; de 1984 à NSA

Orwell escreveu este livro num quadro psicológico e ideológico paradoxal, mas, passados sessenta anos, a sua antiutopia é hoje um paradigma do controle imperialista de tudo o que comunicam os habitantes do planeta. O instrumento desse controlo é a Agência Nacional de Segurança (National Security Agency, NSA na sigla em inglês) dos Estados Unidos, com o apoio dos serviços do Reino Unido e outros.

A NSA, a maior das muitas agências de espionagem dos EUA, tem quase cem mil "funcionários" e terceirizados e funciona à escala mundial com monitorização em tempo real de milhares de milhões de comunicações simples ou encriptadas – rádio, televisão, telefone, redes fixas e móveis, satélites, internet, etc..

O seu sistema de satélites Echelon de terceira geração segue ao vivo alvos móveis e conversas pessoais. A sua operacionalidade, recém estimada, pode "tratar", só na Alemanha, 500 milhões de comunicações por mês. A NSA trabalha em rede com a Google, Microsoft, Yahoo! e Facebook, que asseguram o controlo da Internet em quase todo o mundo e que lucram muitos milhões com esta fusão oligopólios-NSA.

Os escândalos e crimes da espionagem dos EUA, documentados e comprovados recentemente por Snowden e Assange, confirmam que todo o planeta, incluindo os seus cidadãos, os "aliados" e a própria ONU, estão na mira do Big Brother e que este visa garantir o domínio imperialista e não "prevenir riscos terroristas".

A violação sistemática e brutal da legalidade internacional, como nas operações de contra informação, provocação e terror na Síria, no Egito, etc., ou a recente captura do avião de Evo Morales, com a miserável cumplicidade do governo português, clarificam o projeto de opressão e recolonização da "Nova Ordem" imperialista e põem a nu o Big Brother.

É impreterível o direito e dever de os combater e derrotar.

*Jornalista do Avante!, jornal do Partido Comunista Português