Obama diz que só vai atacar a Síria se Congresso autorizar

Neste sábado (31 de agosto), o presidente dos Estados Unidos Barack Obama anunciou sua decisão de atacar a Síria. Mas, em busca de mais aliados, a superpotência imperialista avisou que, depois da negativa do Parlamento britânico a uma intervenção militar no país e da oposição da Rússia e da China no Conselho de Segurança das Nações Unidas, tentará mobilizar apoio internacional e aguardará uma decisão do Congresso para atacar.

De acordo Obama, o atraque à Síria trem por finalidade punir o país perante o suposto ataque químico em 21 de agosto último nos subúrbios de Damasco, capital síria. 

"Estou preparado para dar essa ordem", declarou Obama ao acrescentar que a missão "poderia ser efetiva amanhã, na próxima semana ou em um mês", enquanto é possível que os líderes de ambos os partidos convoquem uma votação antes da data principal de debate no Congresso.

O anúncio de Obama sobre atacar a Síria se produz em meio à rejeição mundial a tal medida, pois a maioria dos países, entre eles a Rússia, a China, a Áustria e a Suíça insistem no diálogo como a única solução adequada para a crise síria.

Até o momento, a marinha de guerra dos Estados Unidos deslocou seu quinto destroier para o leste do Mediterrâneo, em meio às ameaças ocidentais sobre um ataque armado contra a Síria.

O Congresso estadunidense voltará a trabalhar no dia 9 de setembro depois do recesso de verão. .

Washington aproveitará essa pausa para buscar o apoio internacional e fazer lobby com os poderes mundiais, durante a visita da próxima semana de Obama à Rússia para participar na Cúpula de líderes do G20.

O Parlamento do Reino Unido, o principal aliado dos Estados Unidos, decidiu não apoiar um potencial ataque contra a Síria.

Contudo, a autorização dos legisladores estadunidenses sobre uma ação militar na Síria é incerta devido à divisão entre os congressistas.

Alguns analistas especulam que o chefe da Casa Branca pretende deixar a complicada decisão e a ordem de abrir fogo em mãos do Partido Republicano, para que em caso de fiasco possa tirar proveito eleitoral em 2014.

Os Estados Unidos têm aplicado a força militar contra diversos países sem a autorização do Congresso. A emenda “Resolução sobre Poderes em Tempos de Guerra (War Powers Resolution), aprovada há 40 anos, admite que a casa Branca inicie uma guerra e 60 dias depois explique suas razões aos parlamentares.

Segundo o jornal The Washington Post e a rede CBS News, os Estados Unidos buscam uma fórmula intermediária para agredir a Síria e ao mesmo tempo não envolver-se aind amais no conflito interno que a nação árabe vice há mais de dois anos.

O presidente Obama explicou que Washington "não considera a hipótese de levar tropas terrestres à Síria” e invadir o país.

Reação da Síria

O vice-ministro de Relações Exteriores sírio, Faisal Mekdad, condenou qualquer movimento ocidental armado contra seu governo. "A decisão de entrar em guerra com a Síria é uma decisão criminosa e uma decisão incorreta. Estamos confiantes que seremos vitoriosos", disse ele a repórteres diante de um hotel em Damasco.

A Síria considerou que o adiamento do ataque iminente foi positivo e um "recuo histórico norte-americano". "Obama anunciou ontem, diretamente ou através de implicação, o início de um recuo histórico norte-americano", afirmou o jornal oficial da Síria al-Thawra em um editorial de primeira página.

Como Obama disse que iria esperar a decisão do Congresso, a França afirmou que não poderia agir sozinha, tornando-se o último país ocidental a repensar o bombardeio à Síria.

A Síria desqualificou as recentes declarações do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que alegou contar com evidências que supostamente inculpam o governo sobre o uso de armas químicas.

Uma declaração do Ministério das Relações Exteriores e Emigrantes da Síria considerou “infundadas” as "evidências" esgrimidas por Washington, as quais acusou de se basearem em velhas e falsas histórias.

De acordo com a nota, as acusações constituem uma tentativa desesperada para ajudar os bandos as mercenários que tratam de derrocar desde há dois anos e meio o governo.

Damasco assinalou que, contrariamente ao que disse Kerry na última sexta-feira, a Síria não obstaculizou o trabalho dos inspetores sobre armas químicas, e lhes permitiu chegar ao lugar do suposto ataque de 21 de agosto, 48 horas depois da chegada à capital da representante da ONU, Angela Kane.

Neste sentido, a Síria recorda que o próprio secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou a cooperação das autoridades durante um contato telefônico com o chefe da diplomacia do país, Walid al-Moallem.

O Ministério do Exterior da Síria desmentiu as alegações do chanceler estadunidense de que a anunciada agressão de Washington contra o país seja para pôr fim ao uso de armas químicas.

A Síria foi o primeiro país que propôs ao Conselho de Segurança um projeto de resolução para declarar o Oriente Médio uma região livre de armas de destruição em massa, mas Washington bloqueou sua tramitação.

Damasco desafiou os Estados Unidos a apresentar uma só prova sobre a suposta utilização de armas químicas. .

A Síria advertiu, por último, que se o ataque militar contra a nação se concretizar, seus resultados serão centenas de vítimas inocentes.

Tal comportamento unilateral só serve aos interesses políticos dos Estados Unidos e não a seu povo e viola todas as leis e estatutos internacionais, concluiu a declaração.

Redação do Vermelho, com agências