Presidente sírio adverte para risco de “guerra regional”

O presidente sírio, Bashar al-Assad, advertiu nesta segunda-feira (2) que uma ação militar dos países ocidentais contra Damasco poderia desencadear uma "guerra regional". País se dirige ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, para que impeça o ataque imperialista.

Em uma entrevista ao diário francês Le Figaro, Assad declarou que “o Oriente Médio é um barril de pólvora e o fogo se aproxima dele”. Por isso alertou para a existência de "um risco de guerra regional", e para as “repercussões negativas" que um ataque pode causar "aos interesses da França". 

Assad advertiu para o risco de uma "política hostil contra o povo sírio", em um momento em que a França está nas primeiras linhas ao lado dos Estados Unidos para atacar o país árabe.

"O povo francês não é nosso inimigo, mas na medida em que a política do Estado francês é hostil ao povo sírio, este Estado será seu inimigo", disse.

O mandatário sírio desafiou os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da França, François Hollande, a que mostrem “uma só prova” do ataque de seu Exército com armas químicas.

"Qualquer país que ajude os terroristas que operam na Síria, seja o apoio econômico-financeiro, ou forneça armas, consideramos nosso inimigo", enfatizou.

Carta à ONU

O representante sírio na ONU, Bashar Jaafari, enviou uma carta ao secretário-geral Ban Ki-Moon pedindo que impeça o ataque dos Estados Unidos a seu país. Jaafari também pediu que o Conselho de Segurança da ONU “mantenha seu papel como válvula de segurança para prevenir o uso absurdo da força fora do que permite a legitimidade internacional”.

Rússia: Golpe ilegal

Por seu turno, a Rússia declarou, por meio do seu representante para o Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Serguei Vershinin, que um golpe militar contra a Síria seria ilegal, desproporcional e com graves danos a todo o sistema das relações internacionais.

Ao intervir em um debate na Câmara Social, o diplomata advertiu para o efeito contraproducente que teria o uso da força por parte dos Estados Unidos e seus aliados em uma intervenção armada contra esse país árabe.

Em sua opinião, existe um perigo real, dada a gravidade da situação, referindo-se a um possível ataque sem um mandato do Conselho de Segurança da ONU.

A Rússia, disse Vershinin, se opõe resolutamente à adoção desse método, e reiterou os efeitos indesejados que o uso da força contra Damasco acarretará, ação que é rechaçada inclusive nos Estados Unidos e por alguns governos aliados, como a Alemanha.

Perante especialistas e diplomatas, o embaixador da Síria na Rússia, Riad Jadid, alertou que as ameaças dos Estados Unidos contra seu país significam igualmente um perigo para as Nações Unidas e o direito internacional.

Jadid denunciou a maneira reiterada e velada com que Washington ignora as leis internacionais. Ao invocar a Carta da ONU, o diplomata sírio recordou que somente o Conselho de Segurança pode adotar a decisão de uma intervenção militar.

"Tal é a atuação dos Estados Unidos diante do trabalho que realizaram os especialistas internacionais em armas químicas", sentenciou o embaixador sírio.

O diplomata russo Konstantin Dolgov, por sua vez, disse que até agora não foram apresentados os resultados do trabalho dos inspetores da ONU, portanto, "não há fundamentos para afirmar que as forças governamentais sírias empregaram armas químicas", nos combates contra os opositores armados, afirmou.

Dolgov desqualificou, ao mesmo tempo, o aludido pretexto de uma "intervenção humanitária" para supostamente proteger a população síria, "com bombas e mísseis".

O chanceler russo, Serguei Lavrov, declarou que as provas apresentadas pelos Estados Unidos à Rússia, para incriminar a Síria, não continham aspectos concretos e não eram sustentáveis.

Redação do Vermelho, com agências