Dilma e Peña Nieto foram alvo de espionagem dos Estados Unidos

A NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) teria investigado a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e seus principais assessores, de acordo com documentos ultrassecretos vazados da agência pelo ex-funcionário da CIA Edward Snowden.

As informações foram divulgadas em reportagem deste domingo (1º/09) no programa Fantástico, da TV Globo, e teriam sido repassadas pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que recebeu a maior parte dos documentos de Snowden, atualmente exilado na Rússia e procurado pelos EUA.

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Além de Dilma, o presidente do México, Enrique Peña Neto, quando ainda era candidato favorito a assumir o comando do país, em 2012, também foi investigado pelos Estados Unidos. Os documentos vazados fazem parte de uma apresentação interna da NSA. Eles mostram que foi feita espionagem de Dilma nas Comunicações, incluindo o conteúdo de mensagens de texto entre assessores e colaboradores do Planalto.
 

O estudo é chamado por Washington como "Filtragem inteligente de dados – estudo de caso México e Brasil". O objetivo, diz o documento, era “melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e seus principais assessores”. Segundo a apresentação, o programa possibilita encontrar, sempre que quiser, uma "agulha no palheiro".

São monitorados os números de telefone, e-mails e o IP (a identificação do computador). É feito o mesmo para os interlocutores escolhidos – no caso, assessores. Até o momento, as embaixadas dos Estados Unidos e do México não se pronunciaram.

No documento, não há exemplos de mensagens ou ligações entre a presidenta e seus ministros, como aconteceu quando o agora presidente do México foi mencionado.

Mas na última página o documento diz que o método de espionagem usado é "uma filtragem simples e eficiente que permite obter dados que não são disponíveis de outra forma. E que pode ser repetido."

México

Na espionagem de Peña Nieto, o S2C, braço da NSA para a América Latina, descobriu com antecedência quem seriam os ministros escolhidos para formar seu governo, mais de seis meses antes da posse. As mensagens de texto por telefone do candidato também foram interceptadas, usando o programa "Association", que pega as informações que circulam nas redes sociais. Daí, as mensagens vão para outro filtro – o "Dishfire" – que busca por determinadas palavras-chave.

Sob o título "mensagens interessantes", está a prova de que o conteúdo das mensagens foi acessado.

Documentos

Segundo Greenwald, ele recebeu os papeis na primeira semana de junho, quando esteve com Snowden em Hong Kong. “Ele me deu esses documentos com todos os outros documentos no pacote original”.

O pacote tinha milhares de documento secretos. Glenn analisou esses papéis com Snowden durante uma semana em Hong Kong. Pouco depois, Snowden foi para a Rússia, onde passou mais de um mês na área de trânsito do aeroporto de Moscou, até ter seu pedido de asilo aceito no país.

Justificativas

Segundo Greenwald, em seu encontro com Snowden, o ex-agente comentou os documentos que envolvem a espionagem à presidente Dilma. Ele teria dito: "a tática do governo americano desde o 11 de setembro é dizer que tudo é justificado pelo terrorismo, assustando o povo para que aceite essas medidas como necessárias. Mas a maior parte da espionagem que eles fazem não tem nada a ver com segurança nacional, é para obter vantagens injustas sobre outras nações em suas indústrias e comércio em acordos econômicos".

Reação

No domingo (1º/09), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu com a presidente Dilma para discutir as revelações, e decidiu tomar três medidas: o Ministério das Relações Exteriores vai chamar o embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, para que ele dê novos esclarecimentos; cobrará explicações formais dos Estados Unidos; e vai recorrer aos órgãos internacionais, como a ONU, para discutir a violação de direitos de autoridades e cidadãos brasileiros.

Fonte: Opera Mundi