José Reinaldo: "É preciso mudar política macroeconômica"
O secretário nacional de Comunicação do PCdoB e editor do Portal Vermelho, José Reinaldo Carvalho, participou na noite da última sexta-feira (30) da Conferência Municipal do Partido em Vitória da Conquista, terceiro maior município da Bahia. O encontro contou com a presença de militantes, filiados e apoiadores do PCdoB, além de autoridades locais.
Publicado 02/09/2013 16:04
Durante sua participação, o dirigente nacional fez uma síntese das teses que irão orientar os debates da militância comunista durante o 13º Congresso do PCdoB — que acontece entre 13 e 15 de novembro, em São Paulo.
Em entrevista ao jornalista Fábio Sena, José Reinaldo fez um relato histórico das lideranças políticas diretamente responsáveis por transformações da sociedade brasileira como Miguel Arraes, Celso Furtado, Leonel Brizola e João Amazonas. Na avaliação crítica do dirigente comunista, os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff, precisam promover uma “ruptura revolucionária”, do povo brasileiro contra o capitalismo internacional e da classe trabalhadora contra a burguesia.
“Lula não fez as reformas estruturais democráticas. As lacunas principais, os problemas principais herdados do governo Lula, Dilma mantém, como problema não resolvido. Se essas reformas não forem feitas as próprias características principais do governo podem retroceder. O desafio do Brasil é para que o governo aprofunde suas características positivas”. Ainda segundo José Reinaldo é necessário mudar a política macroeconômica, “que ainda conserva traços da ortodoxia neoliberal”, como os juros altos, superávit primário com arrocho fiscal, e o “sobe-desce” do dólar ao sabor das conveniências da Secretaria de Tesouro dos EUA. “É uma bomba de efeito retardado”.
“A situação atual merece críticas”, disse o dirigente, para acrescentar que o Governo Lula significa um “novo ciclo”, com forças de esquerda ascendendo ao poder central, o que exige de todos “um pouco de paciência histórica”, já que este ciclo está apenas começando. “10 anos não são nada no processo histórico”, conclamou a uma reflexão sobre o significado desses governos para um enfrentamento qualificado nas eleições de 2014.
José Reinaldo identificou as quatro principais características do governo federal: sua vocação social, com políticas de combate à miséria e aos índices “intoleráveis” de pobreza; o caráter democrático (“antes, greves eram reprimidas, sindicatos estrangulados, governava-se de costas para o povo”; feição desenvolvimentista, “ao menos no plano doutrinário”, e a vocação internacionalista, dando prioridade ao relacionamento com países vizinhos e criação de novos cenários internacionais, citando o Brics com um novo polo geopolítico que contrabalança a hegemonia política imperialista americana e europeia.
José Reinaldo afirmou que apesar de “positivo”, o atual governo ainda deve enfrentar sérios problemas como a desigualdade e os grandes contrastes de padrões de vida. Segundo ele, as deficiências em diversas áreas foram o estopim das manifestações de junho contra o governo, que “precisa de mais pressão democrática para superar lacunas”.
Ao lamentar a força do poder econômico que estaria “alterando as eleições”, José Reinaldo defendeu duas ações imediatas: a Reforma Política e dos meios de comunicação. “Como está, eleitos se tornam meros despachantes de luxo dos donos do poder e não representantes populares. Não pode haver democracia plena com cinco famílias com o monopólio da palavra, uma usina de mentiras”. Ele defendeu ainda que o governo federal não fez as principais reformas, agrária, urbana, tributária, do SUS, da Educação.
Fonte: Blog do Fábio Sena