Tropas israelenses detêm mais 14 palestinos na Cisjordânia

Tropas israelenses abriram fogo contra palestinos do campo de refugiados de Jenin (Cisjordânia), nesta segunda-feira (2), de acordo com fontes locais. No mesmo dia, soldados detiveram 14 palestinos em Belém, Jenin e Hebron, segundo a agência palestina de notícias Wafa. Na semana passada, uma incursão das forças israelenses no campo de refugiados de Calândia deixou três palestinos mortos, o que intensificou os protestos contra as negociações entre Israel e a Autoridade Palestina (AP).

Prisões na Cisjordânia - Reuters

Agentes dos serviços de segurança de Israel fecharam os principais postos de controle militar da cidade palestina de Nablus, no norte da Cisjordânia, onde líderes de vários grupos políticos instaram os movimentos de resistência popular a intensificarem seus protestos, descritos como “a escolha do povo neste período”.

Mahmoud Aloul, membro do Comitê Central do Fatah (partido à frente da AP, através do presidente Mahmoud Abbas), declarou para participantes da Conferência de Resistência Popular, na vila de Qabalan (perto de Nablus), que a ideia de resistência popular não violenta deveria tornar-se a abordagem do povo em todo o território ocupado.

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“Queremos espalhar a experiência da resistência popular, para que se torne um modo de pensar do nosso povo e para que seja constantemente intensificada”, disse Aloul. “Deveríamos encorajar a ideia de boicote econômico contra a autoridade da ocupação, que se tornou uma das ferramentas mais eficazes nesta resistência”, já que Israel deve sentir que a ocupação se torna custosa, de acordo com a Wafa.

Recentemente, os enfrentamentos e protestos na Cisjordânia têm se intensificado, sobretudo após a morte de um palestino no campo de refugiados de Jenin, há duas semanas, as mortes de três residentes do campo de Calândia, na passada segunda-feira (26/8) e a de outro jovem de Jenin, neste sábado (31/8), resultados dos confrontos com tropas israelenses que invadiram os campos, sob o pretexto de procurarem “suspeitos terroristas”.

De acordo com grupos defensores de direitos humanos palestinos citados pela Wafa, dezenas já morreram nas mãos das forças israelenses desde o começo do ano. Da mesma forma, 1.800 palestinos, inclusive crianças e mulheres, foram detidos (ou raptados, uma vez que sua detenção não tem bases legais sob o Direito Internacional) no mesmo período.

Em declarações sobre as negociações com Israel, o presidente Abbas disse que havia concordado em retornar ao processo e suspender os esforços da AP para juntar-se às agências da ONU em troca da libertação de prisioneiros palestinos detidos antes dos Acordos de Oslo, de 1993 e 1994.

“Antes de iniciarmos as negociações, conversamos sobre as organizações internacionais e afirmamos a nossa disposição de não recorrer [às instituições] caso nos devolvessem os prisioneiros pré-1994, e o número [de detidos] é 104, todos presos antes de 1993”, disse Abbas.

Até o momento, a primeira etapa de libertações, que incluiu 26 prisioneiros, foi respondida com protestos massivos dentro de Israel, contrários ao processo. Da mesma forma, partidos e grupos de esquerda palestinos criticaram a retomada das negociações em geral, sobretudo por não terem garantias fundamentais, como o congelamento da construção nas colônias judias em territórios palestinos e a própria libertação dos prisioneiros.

Com a agência Wafa,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho