Israelenses matam três palestinos e negociações são suspensas

No segundo incidente do tipo em uma semana, soldados israelenses mataram três palestinos no campo de refugiados de Calândia (Cisjordânia), próximo a Jerusalém, nesta segunda-feira (26). As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que a invasão visava a detenção de um “suspeito terrorista”, mas foi recebida por "comportamento violento". A Autoridade Palestina (AP) respondeu com a suspensão das conversações de paz, cuja quarta rodada aconteceria ainda nesta segunda.

Palestino morto em Calândia - Roni Shutzer

De acordo com as fontes palestinas, além de três mortos, os disparos dos soldados israelenses deixaram também 15 feridos, dos quais seis estão em estado grave. Os israelenses, membros da Polícia Israelense Fronteiriça (PIF), entraram no campo de refugiados com o objetivo de deter um palestino, que classificaram de “suspeito terrorista”.

Ao chegarem à casa do palestino a ser detido, os soldados foram cercados por vários jovens (“dezenas”, segundo o jornal israelenses Ha’aretz, e “centenas”, segundo o Yediot Ahronot, ambos citando os próprios soldados), que lançaram pedras e paus contra os seus veículos.

Uma declaração das Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmava que “durante uma incursão noturna das forças de segurança para a detenção de um suspeito em Calândia, ao sul de Ramallah, elas foram recebidas com condutas violentas e desordeiras por centenas de palestinos que as atacaram”.

Os emissários palestinos às conversações de paz (retomadas no começo deste mês, com a mediação dos Estados Unidos, após três anos de impasse) cancelaram um encontro com seus interlocutores israelenses, previsto para esta segunda, de acordo com autoridades palestinas.

Em coletiva de imprensa, o ministro de Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Riyad al-Malki, disse que os palestinos decidiram não realizar a reunião devido à violência em Calândia, e que o governo irá discutir sobre como proceder em relação ao futuro das negociações com Israel.

Em declaração transmitida pela agência palestina de notícias Wafa, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de que a AP é o Executivo, afirmou: "Este crime repulsivo veio junto com o aumento das atividades colonizadoras nos territórios ocupados palestinos, particularmente em Jerusalém, coincide com a retomada das negociações, expõe as intenções verdadeiras do governo israelense com relação ao processo de paz e prejudica os esforços internacionais e dos Estados Unidos para torná-lo eficiente".

De acordo com o Ha’aretz, com o episódio desta segunda-feira, o número de palestinos mortos pelos soldados israelenses na Cisjordânia aumentou para 13 pessoas, desde o começo de 2013. Os jovens mortos em Calândia foram identificados como Rubin al-Abed, de 28 anos, Yunis Jahjuh, 19, e Jihad Aslan, 19.

Na semana passada, um palestino foi morto a tiros durante confrontos com as FDI e com tropas do controle fronteiriço no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, durante uma tentativa similar de detenção. Na ocasião, outros dois palestinos ficaram feridos. O governador do Distrito de Jenin, Talal Dweikat, também, citado pelo Ha’aretz, disse que Majd Lahlouh, de 22 anos, foi atingido no tórax.

O jornal Ha'aretz disponibilizou um vídeo do incidente em Calândia, em que se vê apenas os palestinos jogando paus e pedras contra os veículos das forças israelenses, em protesto contra a invasão. O trecho pode ser visto aqui.

Atualizada às 10h30

Com agências,
Da redação do Vermelho