Ameaça de guerra à Síria é repudiada em todo o mundo

A agressão militar que os Estados Unidos planejam lançar contra a Síria sob a acusação de uso de armas químicas, acusação sem provas, suscita um amplo repúdio em nível mundial entre líderes políticos e organizações.

Nesta quarta-feira (4), o presidente russo, Vladimir Pútin, qualificou de inaceitável qualquer pretexto para justificar o uso da força contra um Estado independente e soberano, fato que, advertiu, só pode ser qualificado como uma agressão.

O mandatário recordou que o Conselho de Segurança da ONU constitui o único organismo com mandato para autorizar o uso da força contra uma nação.

A China pediu nesta quinta-feira (5) que a comunidade internacional mantenha a "calma" e que "contenha" suas ações diante de uma possível intervenção militar na Síria impulsionada pelos Estados Unidos, depois que o governo de Barack Obama recebeu o primeiro sinal verde para uma ação no país árabe do Congresso norte-americano. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei, voltou a manifestar a oposição de Pequim a uma ação militar na Síria, o que segundo ele contradiz a "lei internacional e as normas básicas das relações internacionais". "Uma ação militar unilateral poderia complicar mais a situação assim como a instabilidade da região", advertiu.

Por seu turno, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, advertiu que qualquer ação militar contra o país árabe, além de ser uma ação ilegal, trará consequências nefastas para a segurança regional e internacional.

Em conversações telefônicas com seus colegas da Irlanda, Holanda e Indonésia, Zarif expressou a esperança de que a comunidade internacional chegue o quanto antes a um consenso em torno de uma solução política para a crise na Síria.

Um bombardeio de Washington e seus aliados contra Damasco incendiará toda a região e acarretará repercussões para além das fronteiras sírias, chegando até Israel, principal motor desta agressão, considerou o general de brigada Hossein Salami, subcomandante da Guarda Revolucionária iraniana.

Durante uma conferência de apoio ao povo sírio realizada em Teerã na quarta-feira, na qual participaram representantes de diversos setores do povo iraniano e embaixadores da América Latina, Ásia e África, Salami destacou que a Síria tem ao seu lado na sua luta todas as nações livres e independentes no mundo.

O Conselho de bispos maronitas no Líbano advertiu igualmente para o perigo e a gravidade das ameaças lançadas por vários países para executar uma ação militar contra a Síria.

O Conselho instou a comunidade internacional a adotar as vias legais do diálogo, a diplomacia e a negociação para dirimir o conflito que dilacera o país há quase 30 meses, e poder concretizar uma paz justa e duradoura.

De igual forma, o Ministério das Relações Exteriores da Índia defendeu que se encontre uma solução política para a crise síria, longe de qualquer aposta no caminho violento.

Syed Akbar al-Din, porta-voz da Chancelaria do país asiático, reafirmou que a realização da nova conferência internacional de Genebra aplainará o caminho para o fim da crise.

Também integrantes da União Geral de Mulheres Sírias e a União de Mulheres Palestinas, assim como a iraquiana, organizaram na quarta-feira uma manifestação em frente à sede da ONU em Damasco para denunciar as ameaças de agressão militar anunciadas pela Casa Branca.

Outra manifestação foi realizada por organizações não governamentais da Malásia em frente à embaixada estadunidense em Kuala Lumpur, onde dezenas de ativistas carregaram cartazes e gritaram palavras de ordem de repúdio à guerra.

Organizações de esquerda e imigrantes sírios protestaram nesta quinta-feira em frente à embaixada norte-americana em Kiev, na Ucrânia, contra a iminente intervenção militar dos Estados Unidos na Síria. Entre manifestações de repúdio a uma operação militar para punir o regime de Bashar al-Assad pelo suposto uso de armas químicas contra civis, destacaram-se cartazes chamando o presidente americano de "Obama Bin Laden", uma comparação com o falecido líder da organização terrorista Al-Qaeda.

No Brasil estão programadas manifestações para esta sexta-feira (6) em várias capitais.

Redação do Vermelho, com agências