Ataque militar à Síria causaria danos irreparáveis

O Comitê de Relações Exteriores do Senado norte-americano aprovou nesta quarta-feira (4), com uma votação de 10 a favor e sete contra, uma resolução que apoia a estratégia da Casa Branca contra a Síria e exige que não sejam utilizadas forças terrestres na operação.

Os legisladores tentam dar uma imagem de que a ação terá caráter "cirúrgico" e que só estará voltada para debilitar a capacidade de as Forças Armadas sírias empregarem substâncias tóxicas, mas uma ação desse tipo teria consequências devastadoras.

Um ataque com mísseis de cruzeiro contra objetivos militares sírios favoreceria pouco os bandos armados que tentam derrocar pela força o governo de Damasco, assegura um artigo do diário Stars and Stripes, especializado em temas militares.

É por isso que o senador John McCain e outros congressistas exigem uma estratégia mais ampla, porque temem que os golpes limitados propostos por Obama não sejam suficientes, situação que torna mais perigosa uma eventual operação bélica contra a Síria.

Neste sentido, vale recordar alguns exemplos que demonstram que em períodos relativamente breves, uma operação militar pode ocasionar danos irreparáveis ao país agredido e, em particular, prejuízos incalculáveis à população civil, no caso da Síria já afetada pelo prolongado conflito armado.

Em 19 de março de 2011 uma coalizão multinacional liderada pelos Estados Unidos e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), sob a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, iniciou uma intervenção militar na Líbia.

A operação começou quando forças navais britânicas e norte-americanas lançaram mais de uma centena de mísseis de cruzeiro, golpes que foram seguidos por ações sucessivas da aviação tática de tais países e de outros, como Canadá e França.

O estabelecimento de uma zona de exclusão aérea sobre o território líbio, assim como um bloqueio naval, permitiu a atuação quase impune dos meios aéreos ocidentais contra objetivos líbios.

Apenas umas semanas depois de iniciadas as operações, uma parte considerável da infraestrutura econômica do país estava totalmente destruída e a nação se encontrava em um estado de caos do qual ainda não se recuperou.

Outro caso foi o ataque de Israel contra a Faixa de Gaza, entre 27 de dezembro de 2008 e 18 de janeiro de 2009, onde as forças sionistas utilizaram armamento convencional de todo tipo, incluindo aviões e helicópteros de ataque.

Em apenas 22 dias a agressão provocou a morte de cerca de 1.500 civis palestinos e 3.200 feridos, assim como a destruição de mais de 75% das habitações dos residentes locais.

Para realizar o ataque contra a Síria, Washington mantém na região forças consideráveis, capazes de iniciar a operação bélica.

Nos últimos dias, a Armada estadunidense reforçou sua presença no Golfo Pérsico com unidades capazes de portar várias centenas de mísseis de cruzeiro Tomahawk, que segundo meios de imprensa seriam os primeiros a atingir objetivos sírios.

Ademais, o Pentágono empregaria a aviação que mantém em suas bases e porta-aviões na região, e os bombardeiros que podem chegar diretamente à região a partir de suas instalações no território continental dos Estados Unidos.

Contudo, o governo de Damasco reiterou a disposição de suas Forças Armadas a resistir a qualquer agressão promovida por Washington e seus aliados com o pretexto do suposto emprego de armas químicas por parte das autoridades sírias.

O presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior dos Estados Unidos, general Martin Dempsey, reconheceu recentemente que seria muito difícil neutralizar os sistemas de defesa antiaérea sírios, diferentemente do que sucedeu na Líbia em 2011.

Dempsey, o militar norte-americano de mais alta patente, agregou que as forças do governo de Damasco possuem cinco vezes mais meios desse tipo e são muito mais eficazes do que os líbios.

Prensa Latina