Belga sequestrado na Síria acusa mercenários por ataque químico

O governo da Síria não tem nenhuma responsabilidade em relação ao uso de armas químicas, afirmou nesta terça-feira (10) um ex-prisioneiro dos grupos mercenários que operam no país árabe, o que se soma hoje às múltiplas revelações que desmentem a suposta culpa do governo de Bashar al-Assad.

As declarações foram feitas ontem por Pierre Piccinin, professor belga libertado no domingo após passar cinco meses neste país sequestrado por irregulares junto com o jornalista do jornal italiano La Stampa, Domenico Quirico.

É um dever moral dizer isso. Não foi o governo de Bashar Al-Assad que usou gás sarin ou outro gás na periferia de Damasco, disse Piccinin à rádio italiana RTL-TVi, citada nesta terça-feira (10) por meios de comunicação sírios.

Pelo contrário, ele acusou os que são considerados no ocidente como "rebeldes" pelo ato terrorista ocorrido no dia 21 de agosto em Ghuta Oriental, a cerca de quatro quilômetros da capital síria.

Escutamos uma conversa em inglês, via Skype, na qual uma das três pessoas que dialogavam era alguém que antes tinha se apresentado a nós como um general do chamado Exército Livre Sírio, explicou Quirico.

Na conversa diziam que a operação do gás nos dois bairros de Damasco tinha sido executada pelos rebeldes para induzir o Ocidente a intervir militarmente e que, segundo eles, o número de mortos era exagerado, expôs.

Piccinin contou que no dia 30 de agosto, estando em cativeiro, ele e o jornalista escutaram sobre a intenção dos Estados Unidos de agirem depois do uso de armas químicas atribuído ao governo de Al-Assad.

Tínhamos a cabeça fervendo porque estávamos prisioneiros lá, bloqueados com essa informação, e para nós era impossível repassá-la, relatou.

O professor belga agregou que, no momento, os detalhes da informação permanecerão ocultos "por uma questão ética", mas "quando La Stampa considerar que chegou o momento de dar detalhes sobre esta informação, eu o farei também na Bélgica", alegou.

Em numerosas ocasiões, Damasco reafirmou que não tinha qualquer responsabilidade sobre o hipotético ataque – cujas evidências apontam cada vez mais para uma montagem do Ocidente para justificar uma invasão contra a Síria e realizar o que denominam como mudança de regime.

Os Estados Unidos, junto a aliados como França, Turquia, Arábia Saudita e Catar, entre outros, mantêm uma agressiva campanha para iniciar uma série de bombardeios contra instalações militares e dependências do governo, segundo revelam relatórios, sob a acusação sem provas de que Damasco tenha usado agentes químicos letais contra civis.

Fonte: Prensa Latina