Ex-agente da CIA acusa: Israel estimula Obama a atacar Síria

Em entrevista ao portal Terra, o ex-agente da CIA, Ray McGovern, diz que o atual chefe da inteligência americana, John Breenan, está por trás de uma fraude sobre o ataque químico de 21 de agosto nos arredores de Damasco. McGovern diz que as evidências do massacre foram fabricadas para levar os EUA para uma nova guerra no Oriente.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está sendo levado a planejar uma intervenção na Síria por lideranças "desonestas" dos serviços de inteligência americana e por interesses israelenses.

Ele questiona a autoria do ataque. "Quem lucraria com um ataque químico próximo a Damasco? Eu acho que os rebeldes lucrariam com isso se conseguissem, e apenas se conseguissem, convencer a comunidade internacional de que Bashar al-Assad é o culpado".

McGovern trabalhou como oficial de inteligência do Exército americano antes de se juntar à CIA, onde trabalhou por 27 anos até 1990, quando se aposentou com honras. Durante o governo de Ronald Reagan (1981-1989), ele trabalhava na produção de um informe diário de inteligência para o presidente e participava de reuniões com seus assessores diretos.

Atualmente, ele é ativista político e recentemente foi um dos signatários de uma carta escrita por veteranos dos serviços de inteligência para Obama pedindo para que ele não levasse adiante o ataque à Síria.

Leia a seguir alguns trechos da entrevista de McGovern ao Portal Terra

Sobre o suposto ataque químico nos arredores de Damasco:
Se eles tivessem evidências suficientes, a administração iria divulgá-las. A noção de que fontes e métodos precisam ser protegidos é compreensível. Eu passei anos como uma autoridade de inteligência e sei que é necessário proteger fontes e métodos, mas nesse caso sabe-se que foram conversas interceptadas. O governo alega que estas conversas dizem uma coisa, e pessoas dentro do governo alegam que dizem algo bem diferente. O que precisa acontecer é o presidente ir até a comunidade de inteligência e dizer 'nós precisamos divulgar essa conversa interceptada'.

Agentes lamentaram ataque ao Iraque originado por fraude
Há pessoas dentro da CIA que lamentam não ter falado quando uma inteligência fraudulenta estava sendo preparada para justificar um ataque ao Iraque. Dessa vez, sob um grande risco pessoal, eles desejam compartilhar esta informação. Se passassem para a mídia tradicional, eles não seriam levados a sério. Mas eles sabem que há pessoas atrás da verdade e disseram a ex-colegas (incluindo McGovern) que o que aconteceu no Iraque parece estar acontecendo na Síria.

Como todo mundo sabe, a administração Obama processou mais delatores, sob o ato de espionagem, do que todos os outros presidentes antes dele. Qualquer analista ou operador de inteligência que deseje vir a público enfrenta grandes riscos.

Obama é cercado por gente influenciados por Israel
Há pessoas ao redor de Obama que têm muito dificuldade em distinguir os interesses de Israel dos interesses dos EUA, que querem a guerra na Síria. (…) Há um artigo recente no NYT que diz que analistas israelenses acreditam que o melhor resultado para o conflito na Síria é nenhum resultado. Israel acreditaria que quanto mais os muçulmanos se matarem, e não só na Síria, melhor para Israel.

Falsas provas e evidências forjadas
O papel da CIA não é promover esse ou aquele curso de ação, mas simplesmente analisar as informações de inteligência e repassar ao presidente. Quando o presidente George W. Bush queria fazer guerra com o Iraque, havia um chefe desonesto na CIA, George Tenet, que reverteu o papel da CIA porque achava que deveria apoiar o presidente. Isso levou a evidências forjadas e inventadas.

A CIA foi corrompida para o ataque ao Iraque. Com sorte, pessoas honestas substituíram Tenet e quando, em 2007, surgiu a possibilidade de uma guerra com o Irã, a CIA informou o presidente americano de que o Irã tinha paralisado seu programa de armas nucleares em 2003 e não o tinha retomado desde então. Pessoas honestas foram trazidas e a opinião deles teve grande peso para que os Estados Unidos não entrassem em uma guerra que estava sendo preparada por Bush e Dick Cheney, algo que o próprio Bush admite em seu livro de memórias.

Obama reluta em atacar a Síria
Claramente, Obama não quer ir para a guerra. Quem em sã consciência gostaria de ir à guerra após o Iraque e o Afeganistão, após o caos deixado pela intervenção na Líbia? Mas ele está sob grande pressão para isso. Após muitos combates, há cerca de dois ou três meses o governo (sírio) começou a avançar. Se o momento fosse favorável aos rebeldes, por que John McCain e Lindsay Graham, os dois senadores mais pró-Israel, querem o envolvimento dos EUA? A razão é porque o momento favorece o governo. E eles não só falaram "em reverter o momento", mas tiveram sucesso em colocar essa frase no documento aprovado pelo comitê de relações exteriores do Senado na semana passada.

Com informações do Portal Terra