Israel bloqueia passagens da Cisjordânia no "Dia do Perdão"

As celebrações do Yom Kippur (Dia do Perdão judeu) começaram em Israel, nesta sexta-feira (13), entre recordações sobre a Guerra Árabe-Israelense, de 1973, e o anúncio de fechamento dos territórios palestinos por 48 horas, até o domingo (15). De acordo com um porta-voz do Exército israelense, todos os pontos de passagem da Cisjordânia para Israel foram fechados à meia-noite (de quinta para sexta, no horário local).

Judeus Muro das Lamentações - Times of Israel

O governo israelense intensifica a ocupação militar sobre a Cisjordânia durante seus principais feriados religiosos, alegando o risco de ataques “terroristas” nos locais sagrados que reúnem grandes números de judeus.

Durante o período também serão fechados portos marítimos e fronteiras terrestres entre Israel, a Jordânia e o Egito. Fontes da polícia declararam à agência AFP que foram convocadas para diversas partes do país, especialmente sinagogas, que atraem multidões enormes devido à comemoração religiosa.

Além disso, a porta-voz das forças de segurança, Luba Samri, disse que oficiais das cidades mistas entre árabes e judeus buscariam impedir qualquer tensão entre os cristãos, que comemoram a “Exaltação da Santa Cruz”, neste sábado (14), e os bairros judeus em jejum pelo “Dia do Perdão”. O chefe de polícia disse ter pedido às duas comunidades que se respeitem e que demonstrem comiseração, segundo Samri.

A porta-voz informou ainda que seriam impostas restrições aos muçulmanos que queiram comparecer às orações na esplanada das mesquitas de Jerusalém, onde fica a mesquita de Al-Aqsa (o terceiro local mais sagrado no Islã), por razões não conectadas com o Yom Kippur, após repetidos confrontos entre as forças da repressão israelense e os palestinos “que jogam pedras”, na semana passada. As restrições incluem o limite de idade para homens, de 45 anos para cima, residentes de Jerusalém, entre os que poderão entrar no complexo.

A Esplanada das Mesquitas fica no mesmo local em que, segundo os judeus, esteve o Templo sagrado judaico, e é chamada pelos ortodoxos de Monte do Templo, onde está o “Muro das Lamentações” judeu. O local também aglomera diversos religiosos, principalmente nos feriados.

Devido ao simbolismo profundo para as três religiões mais importantes do mundo, Jerusalém está constantemente sob a discussão internacional e sob uma intensa disputa entre palestinos e judeus, no contexto do conflito que já dura mais de 60 anos. Apesar disso, Israel considera a cidade a sua capital indivisível, pelo que ocupa cada vez mais, através da expulsão e destruição de residências, a parte palestina da cidade, Jerusalém Leste.

A imposição de um bloqueio militar contra a Faixa de Gaza e contra a Cisjordânia, coordenado pelas forças armadas israelenses, já foi condenada diversas vezes pela Organização das Nações Unidas, mas o governo de Israel mantém a prática cotidiana de segregação, restrição da movimentação e punição coletiva dos palestinos em seus próprios territórios, alegando motivos “securitários”.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho