Irã compromete-se com acordo nuclear e pede respeito do Ocidente

O presidente da República Islâmica do Irã, Hassan Rohani, disse que o país pode contemplar um acordo mutuamente benéfico com as potências mundiais sobre o seu programa nuclear, mas que o tempo é limitado para que se alcance tal acordo. O presidente deu declarações à televisão estatal enquanto se prepara para viajar a Nova York, no final deste mês, para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas.

“O Irã está pronto para um jogo de vitória compartilhada”, disse Rohani, embora ressaltasse que “o mundo precisa saber que o período para resolver o caso nuclear não é ilimitado”. O novo presidente vem reafirmando frequentemente a disposição do seu governo para um acordo, a partir do diálogo e da diplomacia multilateral, sobre o seu programa nuclear, alvo de acusações do Ocidente sobre a suposta intenção de desenvolvimento de armas de destruição em massa.

Há anos, o Irã nega as acusações e afirma a intenção civil do seu programa, para fins médicos e energéticos, sobretudo. Ainda assim, o país é alvo de duras sanções, impostas pelos Estados Unidos (desde a Revolução de 1979), pela Organização das Nações Unidas, desde 2006, e pela União Europeia, principalmente voltadas para o setor financeiro iraniano e para a produção de petróleo.

O presidente Rohani afirmou que pretende investor em uma abordagem mais diplomática, ao contrário da posição mais radical, segundo a mídia internacional, do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad. Também nesta semana, o novo enviado do Irã para a ONU, Reza Najafi, demonstrou-se mais moderado e empenhado na aproximação para o diálogo.

Apesar da postura mais moderada, o novo governo do Irã não abre mão da defesa do seu direito ao desenvolvimento de um programa nuclear pacífico, de fins civis, conforme garantido pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual o país é signatário há décadas. “O Irã não retirará uma partícula dos direitos definitivos do povo”, disse Rohani, citado pela agência estatal Irna, na quinta-feira (12).

O presidente persa também sugeriu que a viagem para a Assembleia Gerald a ONU, com o chanceler Mohammad Javad Zarif, será a sua primeira visita ao Ocidente desde que tomou posse, em agosto, e que ela poderia ser uma nova mudança para o progresso. O discurso do presidente na assembleia está previsto para 24 de setembro, horas após o discurso do presidente estadunidense, Barack Obama.

“Talvez, nas próximas semanas, as primeiras conversações sobre o caso nuclear terão lugar em Nova York”, disse Rohani. As conversações entre o Irã e as potências mundiais (os cinco membros do Conselho de Segurança, Rússia, China, Estados Unidos, França e Reino Unido, mais a Alemanha) estão em um impasse desde abril, quando o grupo reuniu-se pela última vez.

Em suas declarações à Irna, Rohani instou o Ocidente a mudar as suas políticas, inclusive com a retirada das sanções econômicas impostas ao Irã. Ele disse que “o trabalho” de alcançar um acordo nuclear “não será feito sem respeito”. “Não haverá sucesso através da imposição de sanções e da pressão contra a nação iraniana”, completou.

Com informações do Haaretz,
Da redação do Vermelho