Agência nuclear rechaça resolução contra arsenal israelense

Nesta sexta-feira (20), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) recusou a aprovação de uma resolução sobre o arsenal nuclear do regime israelense, já estimado por organizações como o reconhecido Instituto de Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo (Sipri). O instituto já divulgou pesquisas que afirmavam que Israel possui 80 ogivas nucleares, mas a AIEA ainda não investigou ou se pronunciou claramente sobre o assunto.

Direitor-geral da AIEA - AIEA

A resolução proposta por Estados árabes, que contava com o apoio de vários outros países, como a República Islâmica do Irã, expressava “preocupações” sobre a ameaça nuclear do regime de Tel-Aviv, e exigia que Israel assinasse o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).

Entretanto, em votação na Assembleia Geral da agência, reunida em Viena, na Áustria, o texto foi rechaçado por 51 votos contrários, 43 favoráveis e 32 abstenções. A mesma resolução foi adotada em 2009, mas depois cancelada em 2010, devido às pressões de países ocidentais.


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A demanda contra o regime israelense produz-se no mesmo momento em que o mundo foca a atenção no programa nuclear iraniano (que o governo garante ter fins civis e pacíficos, e não bélicos) e, mais intensamente, no arsenal químico da Síria.

De acordo com o jornal The Wall Street Journal, e conforme já abordado pelo Portal Vermelho, a temática poderia voltar as atenções a Israel, já que os questionamentos sobre o seu arsenal nuclear, assim como as acusações de uso de armas químicas contra os palestinos não são novidades.

“Ao obrigar a Síria a admitir que possui armas químicas e dar passos para a sua eliminação, Washington e Moscou poderiam convencer os vizinhos da Síria de seguir o seu exemplo, no futuro”, apontou o jornal estadunidense.

O regime israelense é o único que possui armas nucleares em todo o Oriente Médio, mas recusa-se a assinar o TNP, e apesar de ser membro da AIEA, nunca permitiu que as suas instalações nucleares sejam submetidas às inspeções da Agência. O Irã, ao contrário, já recebeu peritos internacionais diversas vezes, e é signatário do TNP, mas continua sendo acusado e ameaçado tanto por Israel quanto por outros países influentes, como os EUA e os membros da União Europeia, que impõem sanções duras ao país.

Além das pesquisas que apontam para o arsenal nuclear israelense, em 1986, um ex-técnico nuclear israelense, Mordecai Vanunu, revelou ao diário britânico Sunday Times a informação secreta sobre a planta nuclear do seu país. Mais tarde, Vanunu foi condenado a 18 anos de prisão por traição, e suas acusações não foram investigadas pelos responsáveis internacionais.

Não bastassem as estimativas sobre suas armas nucleares, a Agência Central de Inteligência estadunidense (CIA) também concluiu, recentemente, que há décadas o regime israelense possui o seu próprio depósito de armas químicas e biológicas.

Em mais um episódio de repressão e acosso aos que denunciam a atuação agressiva e criminosa das forças armadas israelenses, o juiz sul-africano e judeu Richard Goldstone foi perseguido duramente por ter publicado um relatório, à frente da missão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, sobre crimes de guerra que envolviam o uso de fósforo branco contra civis, durante a Operação Chumbo Fundido, contra a Faixa de Gaza, em 2008-2009.

Com agências,
Da redação do Vermelho