Oposição no Bahrein critica repressão na condução das negociações

À medida que as autoridades do Bahrein intensificam as “medidas de segurança”, a oposição política ao governo anunciou, nesta semana, a suspensão indefinida da sua participação no diálogo nacional, afirmando que a decisão estará sujeita à revisão contínua dos desenvolvimentos securitários e políticos no país.

Bahrein - PressTV

Em geral, quatro partidos secularistas da oposição, assim como o Partido Islamita Al-Wifaq, têm participado de um diálogo com o governo, na sequência da intensificação das manifestações contra o que a Comissão de Investigação Independente do Bahrein acusou constituir violações dos direitos humanos e abusos, em um relatório de 2011, reivindicando uma reforma institucional.

A monarquia constitucional do Bahrein tem um governo liderado pelo primeiro-ministro Khalifa Bin Salman Al Khalifa, desde 1970. Além disso, o premiê também é tio do rei bareinita Hamad bin Isa Al Khalifa, que tem a prerrogativa de nomear e demitir os seus ministros.

De acordo com o partido de oposição Sociedade de Ação Islâmica (Amal), há cerca de 1.500 a 1.600 presos políticos nas prisões, cifra estimada pelo Centro de Direitos Humanos do Bahrein, embora números exatos sejam dificilmente determináveis, segundo o portal Al-Monitor, citando fontes da Amal.

Em uma lista de nove pontos de mecanismos de diálogo, os partidos enfatizaram que desejavam alcançar um acordo final sério, baseado nas “decisões e textos constitucionais” e não em recomendações.

Suspensão dos diálogos em protesto

A oposição pediu à sociedade internacional que exerça as suas obrigações morais e internacionais com relação aos direitos humanos, que são sistematicamente violados, e responsabilize o governo pela falha dos diálogos e por intensificar as tensões sectárias e políticas do país.

A posição é declarada dias após a prisão do assistente político do secretário-geral do al-Wefaq, Khalil Marzouq, acusado de incitar o terrorismo. Além disso, o governo pressiona a autoridade religiosa, xeique Hussein Najati, para deixar o país, depois de ter-lhe removido a cidadania.

Em entrevista ao jornal As-Safir, citado pelo portal Al-Monitor, o secretário-geral da Sociedade do Fórum para o Progresso Democrático, Abdul Nabi Salman disse: “Devido à deterioração da situação securitária no Bahrein, nós da oposição deploramos as reações irresponsáveis de alguns no governo. O que está acontecendo é uma tentativa do governo de expressar sua frustração contínua com as condenações que recebeu nas sessões recentes em Genebra de mais de 47 países, inclusive de seus aliados, como os EUA, o Reino Unido e outros países influentes”.

O dirigente disse que “está na hora de dizer a este regime, ao mundo e ao nosso povo que ainda consideramos o diálogo como uma opção estratégica, desde que o governo apresente uma iniciativa para uma solução política abrangente”, para além dos retoques propostos pelo governo para a Constituição e algumas reformulações institucionais.

No contexto dos levantes populares que eclodiram em 2011, as tensões políticas e os contínuos confrontos continuam a ser relatados no Bahrein. Como resposta atrasada, o rei al-Khalifa convocou a oposição para reuniões de diálogo, no começo de 2013, mas a sua condução e a continuidade da repressão continuam sendo denunciadas.

Com informações do portal Al-Monitor,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho