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Dilermando Toni: A teoria pela qual se guia o PCdoB

Parte 1
Desde que Lênin sintetizou a ideia de Marx e Engels sobre o papel da teoria revolucionária do proletariado com as palavras – sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário – a questão da formação permanente do pensamento revolucionário tem sido uma das mais instigantes para o movimento comunista. Falo especificamente sobre o caso brasileiro.
Por Dilermando Toni*

No meu entendimento, a teoria que guia o PCdoB ela está ligada à duas circunstâncias centrais: a época histórica em que vivemos e aos marcos nacionais do Brasil neles incluídos as condições objetivas o subjetivas próprias do Brasil, sua economia, sua superestrutura política e jurídica, sua cultura, a luta de seu povo, assim como o pensamento social brasileiro progressista.

O marxismo apareceu na cena histórica pouco depois do proletariado como classe. O capitalismo enquanto sistema plenamente desenvolvido configurou-se quando da revolução industrial baseada na Inglaterra, nas duas últimas décadas do século 18 e nas duas primeiras do século 19. Em meados do século 19 começaram a aparecer os escritos de Marx e Engels. Como foi descrito por Lênin e, mais detalhadamente por Kautsky, em convincentes folhetos, Marx e Engels se apoiaram no que mais de mais avançado já se havia formulado em matéria de filosofia, de economia política e de socialismo, na Alemanha, na Inglaterra e na França, respectivamente. Num duplo movimento de assimilação e crítica ao idealismo e à metafísica, formularam uma nova teoria, voltada para dar luz ao movimento de uma classe social específica. Em primeiro lugar ela compreendia o funcionamento da economia capitalista, sua dinâmica, seus limites e crises. Para tanto Marx e também Engels observaram de perto o que se passava na Inglaterra, país de capitalismo mais desenvolvido à época.

Marx e Engels formularam a ideia da superação do capitalismo – um sistema datado historicamente – e de sua superação por uma sociedade de tipo superior, o socialismo, onde o lucro e a propriedade privada, a exploração do homem pelo homem não mais existisse. Foi o pensamento da classe operária, o marxismo ou socialismo científico, na época histórica da burguesia.

Lênin pode observar nas duas primeiras décadas do século 20 que havia ficado para trás o papel progressista que a burguesia havia cumprido e esta classe reacionária já estava plenamente instalada no Poder político nos países da Europa e também nos Estados Unidos. Ademais, que uma mudança fundamental se processava na economia capitalista e, em consequência, na política e na geopolítica mundiais. Baseado que era na livre concorrência empresarial a economia capitalista passava a ser dominada pelos monopólios, os bancos assumiam um papel central, o capital passava a ser exportado em grandes volumes. O mundo dividia-se entre poucas nações exploradoras e opressoras (que às vezes guerreavam entre si), as nações imperialistas e numerosas nações exploradas e dependentes habitadas pelos povos oprimidos. Tal fenômeno ampliava em muito a base da revolução incluindo nela as nações oprimidas, geralmente atrasadas e com grande contingente de camponeses àquela época.

Desta forma, diferentemente da tentativa da Comuna de Paris, o proletariado poderia com sucesso conquistar o Poder político. E foi o que aconteceu na Rússia em 17. Começava-se a construir uma nova sociedade, que Lênin só assistiu o engatinhar. Conhecia toda a obra de Marx e Engels, mas também a de Kautsky, de Plekanov, de Hilferding, de Robson. Observador atento da cena política apoiou-se nos ensinamentos da revolução de 1905-1907 na Rússia. Mas não só isto. Lênin inspirava-se também no pensamento avançado de literatos russos. Em relação ao movimento operário europeu, Lênin combateu frontalmente a podridão de dirigentes de partidos europeus que votaram nos parlamentos créditos para suas burguesias se engalfinharem. Nesta circunstância Lênin falava de “cretinismo parlamentar” para caracterizar esta traição. Lançou a consigna de opor-se à guerra imperialista com a revolução proletária, combatendo o nacionalismo burguês, pensamento da classe dominante em países de capitalismo avançado. Precocemente desaparecido, no início da segunda década do século passado, o genial revolucionário russo formulou aquele que seria o pensamento revolucionário para a época histórica do imperialismo e das revoluções proletárias, também conhecido como leninismo.

*Dilermando Toni é membro do Comitê Central e da Comissão Auxiliar da Presidência do Partido Comunista do Brasil.