Campinas discute Lei do Patrimônio Imaterial

Diante de um plenário lotado, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Câmara Municipal de Campinas realizou o primeiro debate público sobre a Lei 307/2013, de autoria do Executivo, que define as regras do programa do Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas. O evento contou com a participação de um público diversificado, composto por historiadores, artistas, mestres-griôs, capoeiristas, carnavalescos, artesãos e representantes das comunidades árabe, cigana e afro-brasileira, entre outros.

patri - Assessoria de Imprensa da Câmara

Nas palavras do vereador Gustavo Petta (PCdoB), presidente da Comissão e mediador do debate, o público “sintetizou a diversidade cultural e étnica de Campinas” e contribuiu para a consolidação da “ideia de se discutir identidade como política de Estado”. Além do vereador, compuseram a mesa o diretor Gabriel Rapassi, representando a Secretaria Municipal de Cultura; Marcela Bonatti, da Coordenação Setorial de Patrimônio Cultural da Prefeitura; e as historiadoras Alessandra Gama, do Ponto de Memória e Cultura IBAÔ, e Alessandra Ribeiro, da Comunidade Jongo Dito Ribeiro.

O debate, que teve três horas de duração, abordou o conceito de patrimônio cultural imaterial, identidade campineira e o papel do poder público no reconhecimento e na preservação dos bens culturais. “Agora, a Câmara irá votar o mérito do projeto de lei. Uma vez aprovado, começaremos a colher propostas de registros para análise e possível inclusão no rol do patrimônio imaterial de Campinas”, explicou Marcela Bonatti.

Ela citou ainda a diferença entre bens materiais e imateriais: “O patrimônio imaterial diz respeito aos saberes, crenças e costumes de um povo, mas também à lugares onde a prática cotidiana da convivência ocorre, como é o caso, por exemplo da Feira do Centro de Convivência”. Ela lembrou que os comerciantes da Feira de Arte, Artesanato, Antiguidades, Quitutes e Esotéricos, que completou 40 anos recentemente, já estão se mobilizando, por meio de abaixo-assinados, para torná-la patrimônio da cidade.

Dentre os representantes da sociedade civil que usaram o microfone para defender o registro de suas culturas, esteve Ali El Khatib, superintendente do Instituto Jerusalém do Brasil e coordenador do Núcleo de Estudos Árabes da FACAMP: “Campinas também é árabe, não podemos nos esquecer disso. E a nossa contribuição à formação do povo campineiro vai muito além da culinária típica”, disse.

O compositor Tião Mineiro, mestre de Folia de Reis, falou em nome das companhias de Santos Reis: “Nossa tradição é antiga, mas muito pouco divulgada. Campinas é uma das poucas cidades brasileiras que ainda possui folia de reis; como não valorizar uma coisa como essa?”, perguntou.

A historiadora Alessandra Ribeiro agradeceu a iniciativa do vereador Gustavo Petta e concluiu: “Hoje estamos participando de um debate histórico. São estas histórias, estas memórias compartilhadas, que formam o que entendemos por sociedade. Não tenho dúvidas de que a Lei do Patrimônio Imaterial irá ajudar na afirmação de nossa autoestima”, afirmou.

De Campinas, com texto da Assessoria de Imprensa do vereador Gustavo Petta