Discurso de Dilma na ONU é ponto alto de seu governo, diz editor

Em edição comemorativa do programa “Ponto de Vista”, que chega à edição número 100, José Reinaldo, editor do Vermelho, faz ampla reflexão sobre temas candentes da agenda nacional e internacional. Entre eles, a avaliação do discurso de Dilma Rousseff na abertura da 68ª Assembeia Geral das Nações Unidas, que ocorreu nesta terça-feira (24), nos EUA. Para o editor, “o discurso da presidenta se converte em um dos pontos mais altos de seu governo”.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo

Para o editor do Vermelho, “não é pouca coisa uma estadista se dirigir à comunidade internacional em termos tão altivos e soberanos. Dilma apontou o dedo acusador a um império que pensa ser ainda o dono do mundo, que se arroga o direito de espionar, de perseguir e bisbilhotar. Espionagem essa que foi justificada como ação de proteção contra o terrorismo, mas que nós sabemos que o real motivo é preparar o terreno para futuras intervenções”, alertou.

Para o dirigente comunista, o fato de Dilma avisar: “parem com essa espionagem, com essas intervenções”, tem um significado muito importante para a geopolítica internacional. “O pronunciamento de Dilma deixou claro que o Brasil possui um governo capaz de defender a sua soberania. Aqui não se encontrará mais sabujos, como encontrou a ditadura militar e o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, mas sim um governo altaneiro, com respaldo de um povo cada vez mais disposto a lutar”, afirmou.

Festa do L’Humanité

José Reinaldo, que também é secretário Nacional de Comunicação do PCdoB, também falou sobre a participação do Partido na Festa do jornal L’Humanité, do Partido Comunista Francês. Evento, que segundo ele, é considerado “um dos mais importantes de caráter político e cultural de toda a Europa”.

Mais de 650 mil pessoas participaram da Festa do Humanité, jornal do Partido Comunista Francês.
Numerosas vozes se levantaram contra o desemprego e os programas de arrocho europeus e
exigiram direitos para os trabalhadores e os povos.

Ele apresentou algumas das reflexões realizadas durante as festividades e destacou o discurso do secretário nacional do Partido Comunista Francês, Pierre Laurent, que fez uma avaliação focando em três pontos.

“O primeiro, uma crítica contundente à política regressiva assumida pelo presidente François Hollande, que não está cumprindo com o que foi proposto durante sua campanha; a avaliação do que chamou de custo do capital, e convidou a todos a avaliar quem drena mais, se o capital ou o trabalhador; a renovação do chamamento para a unidade das esquerdas, com foco especial para as eleições municipais que se avizinham; a sinalização de oposição enérgica à política de guerra do imperialismo estadunidense e do governo francês”, esquadrinhou o dirigente comunista brasileiro.

José Reinaldo acrescentou ainda que na oportunidade participou de um rico debate sobre a conjuntura no Brasil e na América Latina, que contou também com a contribuição do encarregado de negócios da República Bolivariana da Venezuela na França e do embaixador da Bolívia na França. “Com a presença de centenas de camaradas, construímos um diálogo, em que desenvolvemos algumas reflexões sobre o atual desenvolvimento na América Latina, além de atualizar os presentes sobre as lutas do povo brasileiro e latino-americano”, apontou o editor.

13º Congresso Nacional do PCdoB

O dirigente comunista também atualizou as informações sobre a preparação para o 13º Congresso Nacional do PCdoB. Segundo ele, está em curso uma grande movimentação do Partido, que mobilizará até o Congresso cerca de 140 a 150 mil comunistas.

Conferência Municipal do PCdoB, em Vitória da Conquista (BA), no dia 30 de agosto.

“O Congresso, que ocorrerá nos dias 14, 15, 16 de novembro, contará com a presença de cerca de 800 delegados, que terão como ponto principal do debate a avaliação dos 10 anos de governos progressistas. A militância sinaliza que esse balanço é positivo, conforme apontam as teses do Congresso, mas nós também entendemos que é preciso avançar. Esse avanço ocorrerá com novas realizações, como a implementação das reformas estruturais e democráticas, que coloquem o Brasil no caminho para se consolidar como uma nação mais justa, progressista e democrática”, destacou Reinaldo.

E acrescentou: “A militância entende que o Partido tem razão nas críticas que faz. Especialmente, quando avalia que o Brasil ainda não conseguiu se desprender da herança neoliberal bastante presente na política macroeconômica, que tem como tripé perverso o superávit primário, que equivale a uma austeridade fiscal; a política de livre flutuação do câmbio; e a política de juros altos. Para os comunistas, esse tripé é o principal entrave ao desenvolvimento do país”, alertou o dirigente.

Ouça na Rádio Vermelho a edição número 100 do "Ponto de Vista":