China consolida influência na Ásia e EUA arriscam confrontação

O acadêmico Hugh White advertiu o presidente estadunidense, Barack Obama, sobre suas “más escolhas” para a região do Pacífico. White, professor de Estudos Estratégicos na Universidade Nacional Australiana de Canberra, esteve em Beijing, na China, onde deu declarações ao jornal China Daily, publicadas nesta segunda-feira (30). Para ele, os EUA “arriscam uma grande confrontação com a China ao tentar reafirmar sua dominância na Ásia”.

Professor Hugh White - Wei Xiaohao / China Daily

O professor White afirmou preocupar-se com a possibilidade de a chamada estratégia de pivô asiático, de Obama, demonstrar ser um erro grave.

“Vejo a política de pivô de Barack Obama como uma busca por reafirmar a primazia dos Estados Unidos como uma fundação para a ordem asiática frente ao crescente poderio da China”, disse White.

Consultor próximo do primeiro-ministro australiano Bob Hauke, White esteve em Beijing para falar das questões abordadas por seu novo livro, “A opção pela China: Porque devemos Compartilhar o Poder” (“The China Choice: Why We Should Share Power”), que critica Obama por não responder à nova ordem mundial criada pela ascensão econômica da China.

“É improvável [que a política de Obama] seja bem sucedida, e poderia gerar um tipo de competição gradual que poderia aumentar o risco de conflito”, diz o autor.

White afirma que dar meia-volta em relação às preocupações anteriores dos Estados Unidos, com as guerras no Iraque e no Afeganistão, para mostrar suas garras na Ásia pode apenas antagonizar com relação à China, em uma época em que a relação com o país deve ser de conciliação.

Para o professor, a abordagem é incorreta no estabelecimento de novas alianças, como a Parceria Trans-Pacífico, formada em 2008 para excluir a China deliberadamente, mas incluir atores periféricos, como o Peru e o México.

“O problema com a política dos EUA em sua resposta à ascensão da China até agora é que há uma suposição muito firme de que os Estados Unidos têm de manter sua posição dominante, embora a China tenha mudado tanto as dinâmicas de poder subjacentes”.

Sobre a posição do seu próprio país nesta dinâmica, White diz: “A Austrália está exatamente na linha de frente. Nenhum país do mundo é tão dependente da China economicamente quanto a Austrália. Nenhum outro país do mundo é tão estrategicamente importante para a Austrália quanto os Estados Unidos. Somos um exemplo clássico de país que quer olhar para as duas direções”.

O professor critica ainda observadores políticos que superestimam o poderio militar dos Estados Unidos no Pacífico, simplesmente porque o gasto em Defesa dos Estados Unidos é 10 vezes maior do que o da China. Para ele, os chineses construíram uma capacidade de defesa marítima forte com submarinos, e agora tem, por exemplo, a capacidade de afundar porta-aviões dos EUA.

“Os Estados Unidos não podem mais projetar o seu poderio pelo Oceano no Pacífico Ocidental, da forma que tem feito por tanto tempo. Eu acho que isso é muito significativo”.

Já sobre o alcance extra-regional, White afirma que a China tem demonstrado que pode usar o seu poder responsavelmente, e que acredita no seu engajamento positivo no continente africano. Tendo a pensar que há grande potencial na relação da China com a África, e que ela pode ser um motor muito importante para o crescimento e o desenvolvimento no continente”, disse.

Entretanto, apesar do seu alcance econômico crescente, White disse acreditar que o maior foco da China continuará sendo em sua própria região, na Ásia, o que o leva a enfatizar na necessidade de os Estados Unidos conduzirem uma política de aproximação e conciliação, e não de confrontação.

Com China Daily,
Da redação do Vermelho