Governo dos EUA fica suspenso por falta de acordo orçamentário

À meia noite de segunda-feira (30), o governo estadunidense determinou que as agências federais encerrassem suas atividades por falta de fundos, logo após o Senado rechaçar um orçamento que havia sido encaminhado pela Câmara. Segundo o jornal New York Times, o desacordo se baseia na proposta de reforma da saúde. Os Estados Unidos mergulham em uma crise governamental, enquanto cerca de 800.000 funcionários públicos poderão ser colocados em licença, sem remuneração.

Barack Obama em discurso - Vídeo / Casa Branca

A diretora do Escritório de Gestão e Orçamento do Executivo estadunidense, Sylvia Mathews Burwell, anunciou nesta segunda-feira (30) o encerramento temporário do governo federal.

A moção orçamentária foi rechaçada pelos senadores (com uma votação de 54 a 46), o que deixa várias entidades governamentais sem créditos para pagar o salário de seus funcionários.

De acordo com o New York Times, "depois de uma série de manobras de vai e vem legislativo, a Câmara e o Senado terminaram o dia sem resolução, e o Senado suspendeu as funções até o fim desta terça (1º/10), enquanto a Câmara tomou medidas para iniciar conversações".

O Pentágono e a Agência para o Ambiente (EPA, na sigla em inglês) são as suas instituições mais afetadas pelo encerramento temporário: a primeira enviará a metade de seus 800.000 funcionários para casa, enquanto a segunda, que conta com 16.000 trabalhadores, suspenderia quase 95% do seu pessoal.

Os economistas advertem que esta paralização, em apenas duas semanas, geraria para o país uma queda de 0,3 pontos no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre do ano. Segundo estimativas da Casa Branca, o encerramento das atividades governamentais deixaria entre 700.000 e 800.000 funcionários suspensos, sem receber salários, e custaria à economia norte-americana cerca de 10 bilhões de dólares semanais.

Sem um acordo nas próximas horas entre as duas instâncias para prover fundos ao governo, os escritórios de administração pública se encerram nesta terça-feira (1º/10), data em que se inicia o novo ano fiscal.

Os republicanos afirmam que a administração em si atrasou elementos da lei de reforma da saúde, e dizem que ela deveria ser adiada ao menos por um ano.

Os democratas, por outro lado, dizem que os republicanos estão sendo conduzidos pelos elementos mais extremos do seu partido para usar o orçamento federal como instrumento para conseguir concessões sobre a reforma da saúde.

Obama deixou claro, em declarações anteriores, que não cederá às demandas da oposição republicana (sobretudo na área da reforma da saúde), enquanto advertiu que uma paralização provocará um impacto econômico negativo e imediato na população.

Desde 1976, a administração pública estadunidense já foi encerrada 18 vezes. O último episódio prolongou-se por 28 dias, em dezembro de 1995, durante o mandato de Bill Clinton.

Com agências