Honduras precisa de uma nova Constituição, afirma Zelaya

Com o projeto de comandar uma Honduras socialista, Xiomara Castro lidera a maioria das pesquisas de intenção de voto em seu país. O levantamento CID/Gallup divulgado na semana passada apontou que ela obteve 29%, em empate técnico com Juan Orlando Hernández, candidato apoiado pelo presidente Porfirio Pepe Lobo, que tem a seu favor o apoio da mídia e uma campanha com mais recursos financeiros.

Xiomara faz campanha ao lado de Zelaya, em Tegucigalpa/ Foto: Orlando Sierra – AFP

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente do país e marido de Xiomara, Manuel Zelaya — deposto por um golpe de Estado que o fez ficar 121 dias asilado na embaixada brasileira em Honduras — ressaltou os problemas e desafios que Honduras enfrenta neste novo período.

Enquanto Zelaya esteve no exílio, Xiomara organizou a resistência e os protestos por seu retorno ao país. Ambos sustentam que Honduras precisa de uma nova Constituição. A candidata também defende a revisão de contratos de energia, à semelhança do que foi feito na Venezuela, na Bolívia e no Equador.

Ao jornal, Zelaya declarou que o golpe contra ele “foi um fracasso, isolou o país, afundou-o em violência. Então muitas das pessoas que estiveram no golpe não querem voltar ao mesmo erro. Nesse sentido, há muita esperança em retomar o caminho democrático”. A proposta defendida pelo programa de Xiomara é de construir um “socialismo democrático”.

Sobre a nova Constituição, Xiomara afirmou que em seu Artigo Primeiro estará que “O Estado de Honduras é livre e independente de qualquer potência ou governo estrangeiro, e não será jamais patrimônio de nenhuma família nem pessoa”.

A questão de uma nova constituição já havia sido tratada por Zelaya: “Em Honduras, não há Justiça. O sistema jurídico colapsou. Quando propus a Constituinte, era porque era preciso corrigir o que estava funcionando mal. Eles responderam com armas. Se não resolvermos o problema da Justiça, nunca resolveremos o problema do crime, da pobreza, da dívida. Primeiro, a Justiça, e a proposta de Xiomara é Justiça”, ressaltou.

Apesar de ser, outrora, do conservador Partido Liberal, Zelaya começou a adotar reformas estruturantes e a querer romper com a miséria que assolava a população de seu país, onde 70% dos habitantes vivem na pobreza. Pecado capital para o pequeno país caribenho. A aproximação com a Venezuela do ex-presidente Hugo Chávez foi a justificativa utilizada pelos golpistas para sua deposição.

“Foi um ato de injustiça total acusar Chávez de tentar interferir em Honduras. Os mesmos golpistas aos poucos se deram conta. Agora, este governo tem boa relação com a Venezuela. Falamos de conciliação precisamente porque não guardamos rancor, ódio. O uso de Chávez foi uma ação de guerra suja. Agora que ele desapareceu fisicamente, sua presença na América Latina está viva”.

Da Redação do Vermelho,
com informações da Folha de S. Paulo