Em sessão especial, Revista Revolta do Buzu é lançada na Câmara

Dez anos depois, o movimento que marcou uma geração e entrou para a história dos movimentos sociais de Salvador e do Brasil, a Revolta do Buzu foi relembrada, com o lançamento de uma revista temática. O evento fez parte da sessão especial, convocada pelo vereador Everaldo Augusto, que reuniu importantes quadros do cenário político e social da capital baiana.

O objetivo da sessão, de acordo com o edil, além de marcar uma década de uma das maiores mobilizações da juventude, ressalta a força da luta pelo transporte público de qualidade, que já faz parte historicamente dos soteropolitanos, bem como discute questões políticas e econômicas. “Temos sempre que destacar a importância da participação política e organização da juventude no nosso dia a dia”.

Um dos protagonistas da Revolta do Buzu, Marcelo Gavião, na época presidente da Ubes, fez um breve histórico do movimento e contou como as manifestações foram ganhando força e chegaram a reunir 45 mil pessoas na praça municipal. “Com a revista, queremos exaltar o que a RB deixou de lição para os estudantes. Estamos comemorando os 10 anos de uma das lutas mais importantes para o segmento”.

Gavião disse ainda que, quando pensaram na manifestação contra o aumento de 20 centavos no valor da passaram, de R$ 1,30 para R$ 1,50, ele, Augusto Vasconcelos e Jurandir Santana, não esperavam ser protagonistas de um movimento, que chegou a âmbito estadual e, posteriormente, nacional. Eles queriam dar uma resposta à atitude absurda dos empresários, em acordo com a prefeitura.

“Inclusive, a imprensa foi muito importante para o fortalecimento do movimento. Toda vez que davam espaço, a gente deixava o nosso recado e quanto mais eles tentavam enfraquecer a mobilização, a gente ganhava mais aliados”. Segundo ele, foram 15 dias de intensa mobilização, com unidade e organização.

O vice-presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, na época vice-presidente da UNE, destacou a importância de estar ali, onde a juventude foi bloqueada e rechaçada de todas as formas, relembrando um momento tão importante. “Nas páginas dessa revista, sistematizamos documentos e memórias, relatos dos espaços que ocupamos e a dimensão da Revolta no cenário político”.

Segundo o sindicalista, as manifestações conseguiram provocar uma reflexão na população sobre as condições do transporte, que sempre foi um caos. “O impacto possibilitou a revisão da forma de se fazer o movimento”.

O deputado federal e presidente estadual do Partido Comunista do Brasil, Daniel Almeida, o PCdoB tem orgulho de ter participado, organizado e protagonizado o movimento de 2003, deixando a sua marca, sua identidade. Alice Portugal, deputada federal, contou sua experiência nos movimentos estudantis na época em que era presidente do DCE da UFBA. Para ela, as manifestações têm sempre saldo organizativo positivo. “Participamos e organizamos importantes movimentos históricos, fundamental para articular manifestações populares, que abalaram a história do poder nesta cidade”.

Ainda de acordo com Gavião, a Revista tenta se aproximar ao máximo do que foi a Revolta do Buzu, a partir dos depoimentos, entrevista, artigo, fotos e análises constantes nas 24 páginas da publicação, cujos exemplares são distribuídos gratuitamente e a versão eletrônica está disponível em www.novasideiasparasalvador.com.br.

De Salvador,
Maiana Brito