Que bonito é

Por Aldo Rebelo*

Pelé

Nenhum outro país associou a música ao esporte como o Brasil – sobretudo se o esporte é o futebol, que, junto com o samba, constituem elementos da identidade nacional. Desde que Pixinguinha compôs 1 x 0 para comemorar a vitória do Brasil sobre o Uruguai no Campeonato Sul-Americano de 1919, a música popular brasileira entrou em campo com sucessos que se imortalizam na boca do povo. O Governo Federal está relembrando para a Copa de 2014 um desses símbolos musicais, Na Cadência do Samba, de Luís Bandeira, de 1956, que ficou mais conhecido como Que Bonito É ao virar trilha sonora das cenas de futebol do cinejornal Canal 100.

Vários gênios da música se aventuraram pelos acordes da Seleção, a exemplo de Lamartine Babo (Hino do Escrete Brasileiro, 1950), Ari Barroso (O Brasil Há de Ganhar, 1950), Gilberto Gil (Balé de Bola, 1998) mas os gols do sucesso musical foram de Luís Bandeira, do quarteto Wagner Maugeri, Lauro Müller, Maugeri Sobrinho e Victor Dagô (A Taça do Mundo é Nossa, 1958) e de Miguel Gustavo (Pra Frente Brasil, 1970). Em qualquer lista não pode faltar o coco 1 x 1, de Jackson do Pandeiro, em parceria com Edgar Ferreira, gravado em 1954. O paraibano Jackson foi um dos artistas da MPB, como compositor ou cantor, que mais homenageou o futebol.

O samba do pernambucano Luís Bandeira, tocado até na Academia Brasileira de Letras como trilha do vídeo do seminário Futebol e Literatura, tem o mérito de estabelecer uma relação automática entre o som e a ginga, ou seja, quem ouve não fica parado, ao menos tamborila. Curioso é que a letra original não menciona o futebol – só fala de samba, e isso não se poderia notar na versão mais tocada, só com instrumentos pela orquestra de Valdir Calmon. Mais tarde foram introduzidos na primeira estrofe os versos “Que bonito é / As bandeiras tremulando / A torcida delirando / Vendo a rede balançar”.

Que bonito será como trilha musical do hexacampeonato…

*Aldo Rebelo é ministro do Esporte.

Fonte: Diário de S. Paulo