Israel expande programa nuclear ainda sem controle internacional

O regime israelense continua recusando-se a esclarecer o mundo sobre seu arsenal nuclear, e recentemente alegou, na 57ª Conferência Geral da AIEA, em setembro deste ano, que o questionamento sobre seu programa é motivado pela tentativa de desviar a atenção de temas como o arsenal químico da Síria. Única potência nuclear no Oriente Médio, Israel é apontado em pesquisas recentes que demonstram a expansão do seu desenvolvimento bélico.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho

Israel Moshe Dayan e Golda Meir - AP

Israel nega-se a ratificar convenções como o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e o Tratado de Proibição dos Testes Nucleares (CTBT, na sigla em inglês), ou permitir inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a instalações específicas que podem abrigar o desenvolvimento de armas nucleares. 

O país é associado à AIEA, mas restringe o seu envolvimento à cooperação técnica relacionada ao desenvolvimento energético e às temáticas de segurança nuclear, como a abordada pela comissão de avaliação do desastre de Fukushima, no Japão.

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Enquanto o mundo busca a redução do arsenal nuclear existente, o regime israelense aumenta o número de ogivas nucleares, sem submeter-se a qualquer controle internacional.

De acordo com o portal militar estadunidense Jane’s Defense Weekly, Israel fabrica todo o material necessário para produzir, anualmente, de 10 a 15 bombas atômicas como as utilizadas pelos Estados Unidos contra a cidade japonesa de Nagasaki, em 1945.

Israel, única potência nuclear do Oriente Médio, tem entre 690 e 950 quilos de plutônio, de acordo com Jane, que cita o Instituto Internacional para Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo (Sipri). Em seu relatório de 2013, o Sipri estima que o regime israelense possua cerca de 80 ogivas nucleares, além de mísseis balísticos e outras formas de lançamento de bombas atômicas.

Por outro lado, em 2009, o Conselho Geral da AIEA adotou uma resolução sobre a preocupação com as “Capacidades Nucleares Israelenses” (“Israeli Nuclear Capabilities”, em inglês), reiterada recentemente pelo Grupo Árabe da agência, com motivação classificada por Israel de “agenda má intencionada”.

Além deste tema, Israel baseou sua justificativa para não esclarecer o programa nuclear nacional com diversas acusações contra países vizinhos, que classifica de “despóticos” e ameaçadores, com menções a supostas violações do TNP, tratado que o país não ratificou.

“Israel acredita que as realidades regionais nebulosas, assim como a reputação notória de alguns dos regimes do Oriente Médio, exigem um processo de segurança e controle de armas prudente e gradual. Ainda mais quando se trata de estabelecer a região como uma zona livre [de Armas de Destruição em Massa], uma ideia que nunca foi tentada em outro lugar, mesmo nas regiões mais pacíficas”, lê-se na declaração israelense à conferência de setembro.

A posição de Israel é reiterada como um atentado ao conhecimento histórico, dada a grande insegurança que o regime sionista impõe aos países vizinhos, com diversas guerras e incursões ilegais que violam frequentemente a soberania dos países árabes da região. Além disso, a ocupação militar brutal da Palestina inclui denúncias de crimes contra a humanidade e crimes de guerra, que abrigam também o uso de armas químicas em episódios recentes.

Ainda assim, a vizinha Síria, contra quem Israel tem grande hostilidade (e que é acusada como exemplo da representação da “ameaça” contra os israelenses, entre muitos outros), tem se comprometido com um processo de desarmamento químico sem precedente recente, embora também se veja ameaçada pela retórica e prática agressiva israelense.