Ex-chanceler de Israel critica plano de devolução do Golã sírio

O jornal israelense Ma’ariv publicou declarações sem precedentes do líder do partido direitista Yisrael Beiteinu, Avigdor Lieberman, sobre uma proposta do governo de Israel para a devolução dos territórios sírios de Golã ao governo do presidente Bashar al-Assad, semanas antes da eclosão da guerra civil no país. A matéria é desta segunda-feira (14).

Colinas de Golã - Reuters

De acordo com o Ma’ariv, citado pelo portal Middle East Monitor, o ex-ministro das Relações Exteriores fez o comentário durante um rali eleitoral na colônia israelense de Katzrin, no Golã, território sírio ocupado por Israel desde 1967, a partir da Guerra dos Seis Dias.

Lieberman, que é acusado em um processo por corrupção, disse aos seus apoiantes que “círculos dentro do governo israelense têm estado dispostos a devolver o Golã a Assad até o Lago de Tiberíades [Mar da Galileia, hoje na fronteira Israel-Cisjordânia-Jordânia], em troca por deixar o Eixo do Mal”.

O ex-chanceler israelense não informou quais são esses “círculos” no governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, cujo partido, Likud, é coligado com o seu.

Lieberman disse que “enquanto o Partido Yisrael Beiteinu permaneça no governo, hoje, a questão não será posta na agenda”, e ressaltou que Israel está, agora, “comprometido com o Golã independentemente do conflito na Síria”.

O jornal israelense Ha’aretz, em um artigo sobre as declarações de Lieberman, sugeriu que o ex-chanceler talvez estivesse enviando um sinal ao envolvimento dos Estados Unidos na mediação entre a Síria e Israel, durante o período no qual os EUA estavam tentando alcançar um entendimento que poderia levar a negociações mais abrangentes.

O Ha’aretz afirmou que o Escritório do Primeiro-Ministro recusou-se a comentar sobre o evento, e que não recebeu respostas do ex-ministro da Defesa, Ehud Barak, sobre as avaliações para o possível retorno do Golã ocupado à Síria.

O território encontra-se hoje sob o controle militar das Forças de Observação do Desengajamento das Nações Unidas (UNDOF), que foram enviadas à região em 1974, com um mandato de observação do cessar-fogo entre sírios e israelenses e de supervisão das áreas de separação e fronteira, mas colonos e tropas israelenses continuam a ocupá-lo.

Com agências,
Da redação do Vermelho