Marcos Dionísio: Acordo só com o povo

Com a crise de governança aprofundando no RN, num movimento calculado, pares originais e angariados, foram abandonando o Governo Rosalba, como só os ratos o fazem, nos naufrágios mais tenebrosos.

rosalba henrique
Garibaldi e Agripino foram idealizadores desse desastre de governo atual. Henrique, já aderiu de caso pensado ao desastre, então, em curso. Faz pouco, o presidente da câmara vaticinou de que só se deveria falar em eleições no ano vindouro.

Foi a senha para começar a guerra sucessória com direito até a uso de armas químicas com gases não tão nobres.

Não assisti ao pronunciamento do potiguar em posição mais alta (não altaneira) durante os festejos do aniversário da Carta da Primavera de 1988. Deve ter feito alusão a Ulysses Guimarães e repetido à exaustão o bordão cívico da Constituição Cidadã.

Lembro, porém, que dez anos antes da promulgação da Constituição Cidadã, em 1978, a oposição formal no país se preparava para impingir mais uma derrota aos generais e sua ARENA (Aliança Renovadora Nacional).

Em Abril daquele ano a pretexto de realizar a reforma do judiciário, Ernesto Geisel, assessorado por Golbery, fechara o Congresso por duas semanas, se não me falha a memória e, um belo dia, o país acordou sabendo da inovação do Senador Biônico.

Ulyssses Guimarães e CFEm 1974, o MDB catalisando o descontentamento com os generais, conseguira triturar a ARENA nas urnas. Em 1978, já estávamos na reta final da campanha da Anistia, conseguida em 79, mesmo mitigada e com as excrescências que até hoje protegem assassinos.

A oposição reunida no MDB, se preparava para impor nova derrota à ARENA e acelerar a derrocada do regime militar.

No RN, o MDB tinha candidato, RADIR Pereira, empresário comercial. A ARENA, igualmente, outro empresário, JESSÉ Freire.

Animado com a vitória de 74 quando, surpreendentemente elegera o caminhoneiro AGENOR MARIA, acreditava-se ser possível nova vitória contra a ditadura.

Ocorre que o hoje presidente da Câmara Federal, Henrique Alves e sua família, optaram por um colaboracionismo com o Regime Militar e subiram no palanque para eleger o candidato da ARENA. Aluísio Alves, cassado, recebera autorização para subir nos palanques e assim participou da vitoriosa campanha de Jessé. Teria sido mais uma bruxaria de Golberi? Não, na verdade esse grupo sempre foi ARENA verde.

Então, quando Henrique, homenageia a Constituição Cidadã de 1988 e faz referência a Ulyssses Guimarães, poderia se lembrar, por um mínimo de rigor histórico, que enquanto ele e sua oligarquia se compunham com a oligarquia Maia nos palanques da ARENA, Ulysses, Waldir Pires e Haroldo Lima enfrentavam os cachorros da PM do raivoso ACM na Bahia.

Trago sempre à baila esse episódio porque o mesmo é emblemático, realista, não permitindo voos desavisados nos tempos que correm para aventureiros e reducionistas.

E a temporada aberta pelo presidente da câmara para articulação de candidaturas, faz em mim reviver, o fantasma do acordão de 1978 com uma forte convicção de que se trama contra o povo potiguar mais uma horrenda traição, não fossem demasiados e de consequências geracionais, os episódios Micarla e Rosalba.

Há pouco, vi pelo tuite, manifestação de Fernando Mineiro dizendo que o povo não aceitaria tal acordo. Mais para o início do ano, uma pesquisa trouxera os nomes de Mineiro e Fátima Bezerra bem postados para o pleito de 2014. Como não existe vácuo em política, o desastre do Governo Rosalba apressou novos credenciamentos.

Compartilho com a opinião de que o povo se revoltará contra um novo ACORDÃO. Mais, nunca entendi a razão do apoio do PT e do PCdoB à eleição de Henrique para presidente da Câmara Federal em nome de uma tal governabilidade.

Diferentemente das postulações que se apresentam com nomes e nomes e a ânsia do poder pelo poder, penso que é chegado a hora de se fazer a política potiguar se movimentar por ideias e projetos para retirar o RIO GRANDE DE MORTE da guerra civil em curso, para aproveitar seus potenciais e para desprivatizar as gestões e a política no RN.

Só resta um caminho para os que amam a terra potiguar, reagir aos senhores e senhoras do poder, dizendo bem alto como era gritado em 1978: Acordo só com o povo. Slogan derrotado em 1978, pode ser vitorioso em 2014, demonstrando o amadurecimento político do nosso povo e a pressa que ele tem para que a letra da Constituição de 1988, finalmente contamine a nossa vida através de políticas públicas e do exercício do poder com transparência e civismo.

 

Marcos Dionisio Medeiros Caldas é Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (RN) e da Coordenação do Comitê Popular Copa 2014 – Natal.