Mapuches são desalojados de território recuperado no Chile 

 Famílias da Comunidade Autônoma Mapuche Temucuicui, em Ercilla, região de Araucanía, território recuperado do poder de estrangeiros, foram desalojadas na última quinta-feira, 10 de outubro. A ação, praticada pela força militarizada da polícia, deixou também como saldo pessoas feridas, presas, casas derrubadas, animais mortos e colheitas destruídas. Durante o desalojamento, até mesmo ferramentas de trabalho de uso agrícola foram roubadas.

Mapuches - Divulgação/Adital

Os mapuche acreditam que a ação tenha sido fruto de vingança de empresários latifundiários e de organismos do Estado chileno, em virtude da recuperação das terras e prédios de particulares que se encontram na justiça em processo de recuperação. Durante o desalojamento, foram utilizadas retroescavadeiras, tratores e motosserras para destruir cercas e demais estruturas construídas no local e para abrir caminho para a entrada de carros da polícia na comunidade.

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O werken Mijael Carbone Queipul (autoridade tradicional do povo mapuche) e sua esposa Susana Venegas Curinao foram detidos e sofreram violência por integrantes de forças especiais de carabineiros da Polícia Militar por tentar impedir a destruição. A ação contra o povo mapuche da comunidade Temucuicui teve início no dia anterior, quando um carro com pessoas desta comunidade, que iam para acidade de Ercilla, foi interceptado por carabineiros. Todos os ocupantes do veículo foram levados à delegacia de Collipulli, aonde já chegaram machucados.

Ao final da tarde, advogados constataram lesões em todos os detidos. Eles foram informados que a prisão se deu por ocultação de identidade, mas que ao longo da tarde os mapuche seriam liberados, o que não aconteceu. Apenas um menor foi liberado. Todos os outros passaram a noite detidos na delegacia.

Com a promessa de que todos seriam liberados os advogados e representantes do Instituto de Direitos Humanos foram embora. Após isto, o promotor Luis Chamorro solicitou ao tribunal a realização de exames nos corpos e roupas de todos os detidos. Sem permissão e com mais violência, foram retiradas amostras de sangue, ato que violou os direitos dos presos e ofendeu a cultura mapuche.

Os familiares dos detidos conseguiram avisar aos advogados sobre o que estava acontecendo. A violação também foi denunciada ao juiz de plantão, mas tudo foi negado e após isto os familiares foram expulsos da sala de espera da delegacia, tendo ficado sem notícias. Duas autoridades tradicionais do povo mapuche foram vítimas de tortura.

Fonte: Adital