Alberto da Cunha Melo, o imortal que não vemos

"Moro tão longe, que as serpentes
morrem no meio do caminho.
Moro bem longe: quem me alcança
para sempre me alcançará".

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo 

O verso acima é do pernambucando Alberto da Cunha Melo, no poema Um Cartão de Visita. Nesta segunda semana de outubro, a Coluna de Urariano Mota rende homenagem a esse grande grande poeta. Durante pouco mais de 10 minutos, Urariano Mota narra quem foi Alberto da Cunha Melo, ao qual nomeou "O Poeta imortal que não vemos!".

Em 10 de outubro de 2013 completou cinco anos da morte desse grande poeta que nasceu em Jaboatão, Pernambuco, e pertence à Geração 65 de poetas pernambucanos. Como Sociólogo atuou durante onze anos na Fundação Joaquim Nabuco. Jornalista, foi editor do Commercio Cultural do Jornal do Commercio, e da revista Pasárgada. Foi colaborar da coluna Arte pela Arte, do Jornal da Tarde, SP, e mantém a coluna Marco Zero, na revista Continente Multicultural.

Mesmo sem estar entre nós, a poesia de Cunha Melo segue viva. Sua obra não se rendeu ao charme das vanguardas e encontrou no metro octossilábico (308 poemas, 4900 versos, em cinco livros já publicados) , o mais raro em Língua Portuguesa, a melhor melodia para o seu canto fraterno, e ”sua lição de dor que se faz beleza e arranca de si forças para construir uma poesia cujo nome secreto é – resistência.” (Alfredo Bosi, no prefácio do livro Yacala).


Um Cartão de Visita

Moro tão longe, que as serpentes
morrem no meio do caminho.
Moro bem longe: quem me alcança
para sempre me alcançará.

Não há estradas coletivas
com seus vetores, suas setas
indicando o lugar perdido
onde meu sonho se instalou.

Há tão somente o mesmo túnel
de brasas que antes percorri,
e que à medida que avançava
foi-se fechando atrás de mim.

É preciso ser companheiro
do Tempo e mergulhar na Terra,
e segurar a minha mão
e não ter medo de perder.

Nada será fácil: as escadas
não serão o fim da viagem:
mas darão o duro direito
de, subindo-as, permanecermos.

Ouça na Rádio Vermelho a história desse grande artista narrada pelo grande escritor Urariano Mota: