Mostra traz a São Paulo ampla seleção de filmes latino-americanos

 Vem aí mais uma “superlativa” Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocupará 20 espaços da capital paulistana de 18 a 31 de outubro para a exibição de cerca de 350 filmes. Superlativa, porque a Mostra é, além de ampla, uma iniciativa de grandes ambições, entre elas homenagear a cada ano importantes cineastas do mundo inteiro, mantendo vivo certo legado artístico, e também apresentar ao público o trabalho de diretores desconhecidos do circuito cinematográfico brasileiro.

Mostra Internacional de cinema - Divulgação

O evento é composto de cinco seções pelas quais passeiam filmes de pelo menos 50 países: Competição Novos Diretores, Perspectiva Internacional, Retrospectivas, Apresentações Especiais e Mostra Brasil. Em 2013, foram selecionados 24 títulos hispano-americanos, que compõem a Novo Diretores e a Perspectiva e são, da maior à menor quantidade de títulos, da Argentina (6), do México (5), do Chile (5), do Uruguai (2), da Bolívia, da Colômbia, de Cuba, do Equador, do Peru e da Venezuela (todos esses, presentes com um filme cada). Vários deles estão na competição pelo Troféu Bandeira Paulista, que será dado por um júri internacional.

A produção venezuelana Pelo Malo, um dos destaques latinos da Mostra:

Os filmes brasileiros da Mostra Brasil – 80 longas-metragens no total – estão espalhados por todas as seções e competem por um prêmio especial, o Troféu Bandeira Paulista a Melhor Filme Brasileiro e valores em dinheiro à melhor ficção (25 mil reais) e ao melhor documentário (15 mil), dados pela rede Cinemark.

São inúmeras as obras “hispanoparlantes” que merecem destaque, seguindo o estilo de curadoria do evento, que busca localizar em importantes festivais internacionais as boas raridades e não tanto filmes mais populares – como é o caso do Festival do Rio. Mesmo assim, há tanto propostas comerciais como as claramente autorais, porém, em ambos os casos, a qualidade parece ter sido o principal critério de escolha.

Possíveis destaques começam com o imperdível filme venezuelano Pelo malo, da cineasta e artista plástica Mariana Rondón, que debutou no longa-metragem com o ótimo Postales de Leningrado em 2007 e assim tornou-se conhecida mundialmente.

Pelo Malo estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) e venceu há pouco a Concha de Oro, principal prêmio do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, com a história de um menino de “cabelo ruim”, que quer alisá-lo a todo custo para sair em uma foto da escola, delicadeza geralmente associada às que gera a forte reação de sua mãe. Foi assim, tocando raivas e polarizações em diferentes esferas sociais, que o filme gerou amor e ódio na Venezuela, principalmente depois de uma entrevista da diretora falando de radicalismos em tempos Chávez e pós-Chávez em seu país.

Da Argentina, chama a atenção o candidato a uma vaga na corrida pelo próximo Oscar a melhor filme estrangeiro, Wakolda, drama de época de Lucía Puenzo que envolve muito suspense e o mesmo olhar intrigado em relação ao corpo que a diretora apresenta em XXY.

Da Colômbia, país raramente retrato em mostras latinas por aqui, ao menos nos últimos anos, chega Roa, o terceiro longa de Andrés Baiz, um dos diretores de carrera mais sólida da atual geração. Seus interesses em geral se relacionam com a Colômbia, mas Baiz prefere filmar histórias de tom universal, em produções mais complexas e comerciais que a maioria de seus conterrâneos.

Roa é parte do nome de Juan Roa Sierra, tido como o assassino do candidato à presidência da Colômbia Jorge Eliécer Gaitán em 1948, e se atém, como diz a divulgação do filme, ao lado da história do Bogotazo (série de protestos que surgiu depois da morte de Gaitán em Bogotá) que foi escrita pelos perdedores.

Documentários

São três os documentários da atual seleção latina da Mostra. O boliviano Um minuto de silêncio, do diretor italiano Ferdinando Vicentini Orgnani, começou a ser filmado em 2008, assim que Evo Morales se tornou presidente do país e foi finalizado em 2011, procurando retratar o panorama político boliviano nesse intervalo.

Já o chileno El Gran Circo Pobre de Timoteo, de Lorena Giachino, acompanha o comediante Timoteo, que lidera um popular circo de transformistas que percorre as estradas do Chile há mais de 40 anos. Tem também o argentino Ricardo Bär, de Gerardo Naumann, sobre a jornada espiritual de um jovem descendente de alemães na província de Misiones que estuda para ser pastor. Filmes que raramente serão vistos por aqui depois da Mostra.

Serviço:
37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Onde: São Paulo – SP | Brasil
Programação: http://37.mostra.org/br/programacao/
Telefone: +55 11 3284-8028
Contato: [email protected]

Por Camila Moraes, do Opera Mundi