Analistas discutem se União Europeia está "à beira do fim"

Alguns especialistas preveem o desmoronamento da União Europeia da mesma maneira que o da União Soviética. A líder dos nacionalistas franceses Marine Le Pen referiu-se a União Europeia como uma "anomalia global", insuscetível do concerto. E entre a população dos novos membros da União Europeia cresce a nostalgia da época do socialismo. Qual será o futuro do maior projeto geopolítico da segunda metade do século 20? Os peritos oferecem os mais diversos roteiros.

Marine Le Pen aponta que a população europeia “hoje é incapaz de não somente controlar a sua moeda e a sua economia, mas nem sequer os deslocamentos pelo território do país”. Na sua opinião, a Europa vai entrar na fase de renascimento e de prosperidade depois da extinção da União Europeia.

Note-se que não somente os cidadãos da União Europeia compartilham estes prognósticos tristes a respeito do futuro da União Europeia. Na Turquia, que tinha recebido há pouco o convite de Bruxelas a reiniciar as conversações sobre o ingresso na União Europeia, diminuiu bruscamente o interesse em relação à integração. Anteriormente a percentagem da população que apoiava esta ideia chegava a 75%, enquanto que agora este índice é igual apenas a 20%. O vice-premiê do país Bulent Arinc declarou que isso se deve à atitude irresponsável dos países europeus que criam permanentemente novas barreiras para a Turquia e tentam submetê-la a interrogações.

As tendências de ceticismo a respeito do futuro da União Europeia ganham vulto cada vez maior também nos círculos políticos. E esta tendência é evidentemente destrutiva para a Europa, afirma o perito do Centro de Analise Situacional da Academia de Ciências da Rússia Serguei Utkin.

“Este é um jogo que aproveita o descontentamento dos eleitores, que sempre existe, especialmente contra o pano de fundo de uma crise econômica. Quanto à Turquia, a direção deste país pretende de há muito tempo disputar o papel de líder regional. E um líder destes nem sequer necessita participar de grandes processos de integração. Aliás, existem receios de que a Turquia esteja superestimando as suas forças.”

Os peritos opinam que além dos roteiros positivo e negativo de desmoronamento ou de prosperidade da União Europeia existe também uma terceira variante, ou seja, os membros da União Europeia irão adotar uma atitude estritamente utilitária em relação aos mecanismos do seu funcionamento e obter as vantagens em conformidade com os seus próprios conceitos da Europa Unida.

Por enquanto, nos planos da União Europeia consta a extensão à custa da incorporação da Albânia, Bósnia, Islândia, Kosovo, Macedônia, Sérvia, Turquia e Montenegro. Aliás, no ano passado estes mesmos Estados disputavam o direito de entrar na União Europeia em forma, digamos, de um grupo estreito. E não existem razões para afirmar que o seu status mude proximamente, em primeiro lugar porque a legislação destes países não está em sintonia com as normas paneuropeias. Quanto à Islândia, este país anunciou há pouco que pretende adiar a filiação à União Europeia. As tendências alarmistas servem de motivo para pensar na modernização da União Europeia, afirma Vladislav Belov, chefe do Centro de Pesquisas Alemãs do instituto da Europa.

“Os problemas existem – tanto no plano econômico, como político. Mas eles são base do ulterior desenvolvimento, dado que qualquer situação crítica resulta na renovação qualitativa.Creio que durante os 10-15 próximos anos não haverá razões globais para que alguns membros da União Europeia saiam desta aliança. Quanto à incorporação de novos países, acho que a União Europeia não deve fazer isso, pois a sua estrutura já é muito complicada.”

O presidente do Conselho Europeu Herman van Rampuy apontou reiteradas vezes que os políticos de extrema direita tornam-se cada vez mais populares nos países da União Europeia. Acha que o perigo consiste precisamente nisso, pois esta situação não pode deixar de influenciar as futuras eleições parlamentares. Rompuy está convencido de que as eleições serão extremamente difíceis, pois se trata não somente de “batalhas” políticas a nível pessoal, mas também do reforço do bloco de céticos europeus que ensaiam por diversas razões o papel de “coveiros” da União Europeia.

Fonte: Voz da Rússia