EUA informam Liga Árabe sobre diálogos entre Israel e Palestina

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, citado pelo jornal israelense Times of Israel, disse que as negociações com os palestinos estão sendo intensificadas, e que todas as questões centrais estão sobre a mesa. Por outro lado, os palestinos continuam denunciando a falta de compromisso israelense com o avanço, sobretudo na continuidade da construção de colônias. Kerry encontrou-se com representantes da Liga Árabe no começo da semana para abordar temas das negociações, retomadas em julho.

John Kerry Liga Árabe - Reuters

O secretário de Estado informou os representantes dos 22 países da Liga Árabe sobre o progresso das negociações, que já trouxeram 13 reuniões “sérias” entre as equipes diplomáticas palestina e israelense, de acordo com Kerry.

“Eles tiveram três reuniões apenas nos últimos quatro dias (…). Todos os assuntos centrais estão sobre a mesa”, afirmou o chefe da diplomacia estadunidense, que havia prometido maior envolvimento do seu enviado para o assunto, Martin Indyk, de acordo com reivindicações palestinas.

Em uma coletiva de imprensa conjunta com o ministro das Relações Exteriores do Catar, Kerry também informou que o país árabe anunciou o perdão de 150 milhões de dólares da dívida da Autoridade Palestina.

O Executivo palestino é altamente dependente da ajuda financeira e técnica do exterior, devido às consequências da ocupação e do bloqueio militar israelense para a economia palestina.

“Para que todos correspondam ao desafio de fazer a paz, temos que apoiá-los, inclusive cumprindo as nossas obrigações na frente econômica”, disse Kerry, citado pela agência Reuters.

Entretanto, a manutenção da ocupação e do controle militar israelense sobre os territórios e a administração civil palestina não são rechaçados pelos EUA, e a dependência palestina da assistência internacional, de acordo com analistas políticos, é usada como vantagem e condicionantes sobre a posição dos palestinos nas negociações.

Prisioneiros e colônias

No começo da nova rodada de negociações, em agosto, o governo israelense anunciou a libertação de 26 dos 104 prisioneiros que estão em uma lista de nomes elaborada pela Autoridade Palestina. Alguns estão presos há cerca de 30 anos, em grande parte por razões políticas.

Na próxima terça-feira (29), segundo Kerry, Israel deve liberar um segundo grupo, com cerca de 30 palestinos. A informação foi confirmada por fontes palestinas e israelenses, segundo o jornal Times of Israel.

A lista de 104 prisioneiros inclui palestinos que Israel havia prometido libertar no âmbito dos Acordos de Oslo, assinados em 1993. Segundo o governo israelense, a sua libertação, agora, representa “gestos de confiança” à medida que as negociações avançam.

A detenção, entretanto, é considerada uma arma de guerra das autoridades israelenses contra os palestinos, já que realizada fora dos padrões internacionais de direitos humanos, embora legalizadas pela regulação israelense.

Exemplos são as “detenções administrativas”, que permitem o encarceramento sem acusação, a prorrogação da detenção por períodos de seis meses, indefinidamente, sem julgamento, e a realização do processo por cortes militares.

Além disso, o governo ainda não aprovou a libertação do novo grupo de prisioneiros, e o processo deve ser conturbado na política doméstica israelense, uma vez que importantes grupos de pressão e membros do Parlamento opõem-se contundentemente à medida.

Enquanto isso, por outro lado, a construção de assentamentos e o anúncio de novos empreendimentos são mantidos. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu havia se comprometido a congelar a atividade de colonização em prol das negociações, segundo o portal Middle East Monitor, mas novas unidades habitacionais continuam surgindo, enquadradas em projetos do governo de Israel.

As autoridades israelenses suspenderam a emissão de orçamentos ou propostas para novas construções, mas aquelas que já tinham sido aprovadas pelo governo estão sendo construídas, principalmente graças aos contornos elaborados pelos Ministérios da Habitação, do Interior e da Economia e de parlamentares sionistas que promovem a colonização.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho