Não sabemos se nos céus ou nas águas, mas, Camilo vive!

Camilo Cienfuegos entrou no Gramma – o barco que levaria os 82 revolucionários cubanos para Sierra Maestra – por último, só foi aceito por causa de sua magreza, afinal já não havia mais espaço para ninguém na embarcação. O carisma e entrega a revolução faria de Camilo – o homem das mil anedotas – um dos maiores líderes da heroica revolução Cubana.

Por Ismael Cardoso*, no Portal da UJS

Camilo era filho de espanhóis fugidos da guerra civil. Seus pais e seu irmão, Osmany, eram anarquistas e isto pesaria durante muito tempo sobre a sua história, inclusive, causando certa desconfiança durante algum tempo com os outros revolucionários.

Baleado pela polícia em uma manifestação estudantil em 1955, fugiu para Nova York, havia se casado com uma porto-riquenha radicada americana, e desta maneira conseguira o visto para morar nos EUA. Quando sua autorização de residência expirou Camilo foi expulso dos EUA, em seguida fixou residência no México onde conhecera Fidel Castro.

Em 1958, no mês de dezembro, Camilo escreveria seu nome na história. Era necessária a tomada da cidade de Santa Clara que representava a última fronteira para revolução, uma vez tomada, Havana também cairia.

oi na famosa batalha de Yaguajay, sob a liderança de Camilo, que a revolução se aproximara como nunca aos jovens rebeles. Haviam três colunas incumbidas da tarefa de tomar Santa Clara, uma liderada por Che, outra liderada por Jaime Vega e a terceira por Camilo. A coluna de Vega caíra numa emboscada e não havia mais o que fazer. Che cercou os arredores de Santa Clara, mas, foi Camilo e sua coluna militar que atacaram diretamente o quartel de Yaguajay. Vitorioso, Camilo recruta quase duas centenas de soldados que estavam ao lado das forças do ditador Fulgencio Batsita. Che se soma a coluna e os dois marcham com quase 500 homens à cidade de Santa Clara.

Depois da tomada de Santa Clara a próxima cidade seria havana, o ditador Fulgencio Batista foge de Cuba, deixando o caminho aberto para a mais bonita das revoluções do século 20.

No dia 02 de janeiro, nas palavras de Che Guevara, com a “inteligência natural do povo, que o tinha escolhido entre milhares para uma posição privilegiada por conta da audácia de seus golpes, sua tenacidade, sua inteligência e devoção inigualável. (que) praticava a lealdade como uma religião”, o franzino Camilo entra triunfante em havana, já não era mais Camilo apenas, era o comandante do exército que libertara o povo Cubano, era o herói, o “homem de mil anedotas”, era o revolucionário Camilo Cienfuegos.

Dez meses depois da revolução, em 28 de outubro de 1959, em viagem de Camagüey para Havana, o avião que o levava, sobrevoando o oceano, sofre um acidente, nem o avião, nem o piloto e nem Camilo seriam encontrados, não sabemos até hoje o que ocorreu se Camilo sumiu nas águas ou nos céus da pequena Cuba, sabemos apenas que ele vive no imaginário de cada jovem revolucionário, dentro ou fora de cuba!

*Ismael Cardoso é diretor de comunicação e solidariedade internacional da UJS e estudante de Ciências da Natureza na USP.