Google diz estar "ultrajada" com espionagem ilegal dos EUA

A companhia Google expressou revolta após a notícia de que a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) estadunidense havia invadido seus bancos de dados. Um executivo da empresa disse que não havia sido informado sobre a atividade, e afirmou que há uma “necessidade urgente de reforma”. De acordo com a emissora britânica BBC, nesta quinta-feira (31), as declarações respondem à reportagem do jornal estadunidense The Washington Post sobre as denúncias do ex-técnico Edward Snowden.

Espionagem - Telegraph

O diretor da NSA, Keith Alexander respondeu a jornalistas que não havia lido a notícia do Washington Post sobre a denúncia mais recente, mas negou que a agência tivesse acesso livre aos servidores das companhias estadunidenses.

De acordo com o jornal britânico The Independent, o general Alexander disse, em uma conferência do portal Bloomberg Governo: “Posso dizer factualmente que não temos acesso aos servidores do Google e do Yahoo; nós o fazemos através de um mandado judicial”.

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Entretanto, ele não abordou diretamente a questão sobre a agência interceptar o tráfico de informações, e é sabido que a NSA interceptou cabos submarinos no passado.

De acordo com a BBC, os dados obtidos pela NSA através da interceptação das comunicações abrangeram meta-dados, texto, áudio e vídeo, e foram compilados por seu programa “Musculoso”, operado em conjunto com a parceria britânica da NSA, Sede de Comunicações do Governo (GCHQ).

Como denunciado antes por Snowden, a NSA já tem um acesso direto às contas de usuário do Google e do Yahoo, através de um programa aprovado por um tribunal estadunidense, o Prism. Entretanto, a Google continua alegando não ter dado acesso aos seus sistemas.

“Há tempos estamos preocupados com a possibilidade desse tipo de bisbilhotar, e é por isso que continuamos a expandir nossas encriptações por cada vez mais serviços e links do Google”, disse David Drummond, assessor jurídico da companhia.

As denúncias tomam lugar no momento em que uma delegação alemã visita os Estados Unidos para ouvir explicações sobre a espionagem das comunicações da chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Os órgãos e chefes da inteligência estadunidense continuam defendendo o seu programa de vigilância, entretanto, e ressalvam apenas que o processo “será mais transparente”.

Além de Merkel, denúncias mais recentes envolvem a espionagem ao governo da França e do próprio secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em uma violação grave dos princípios diplomáticos e do direito internacional.

O diretor da Inteligência Nacional, James Clapper testemunhou diante de um painel da Câmara dos Representantes, e afirmou que muitos dos dados citados pelos jornais estrangeiros eram, na verdade, coletados por serviços de inteligência europeus, e depois partilhados com a NSA, e que também as autoridades dos EUA tinham sido vigiadas.

Segundo uma matéria do jornal britânico The Telegraph de agosto, a CGHQ teria recebido 100 milhões libras (355,6 milhões de reais) dos Estados Unidos em três anos, para conduzirem operações de espionagem (classificadas de "recolha de inteligência") por eles.

Com informações do jornal The Independent,
Da redação do Vermelho