Relações dos EUA com aliados está estremecida pela espionagem

De certa forma, afirma o jornal estadunidense The New York Times, nesta sexta-feira (1º/11), a “vigilância” da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) à chanceler alemã, Angela Merkel, é uma história altamente técnica da espionagem da era digital. Ainda assim, o mundo rechaça com veemência a prática ultrajante, ao ponto de o secretário de Estado John Kerry ter chegado a admitir, na quinta-feira (31/10), que seu país foi “longe demais”.

Presidente Barack Obama e chanceler Angela Merkel - Michael Sohn / Associated Press

O presidente Barack Obama vem tendo que dar explicações a diversos líderes mundiais, inclusive aliados, sobre o programa de espionagem denunciado pelo ex-técnico informático, Edward Snowden.

Em meio a declarações arrogantes das autoridades estadunidenses, que buscam justificar a prática ilegal e desrespeitosa, também são emitidos compromissos de tornar o programa “mais transparente”, em consideração às “preocupações legítimas” dos afetados pela invasão de privacidade.

Entretanto, pela primeira vez, Kerry admitiu o que o mundo vem bradando: mais uma vez, os Estados Unidos foram longe demais na violação da soberania dos outros países e dos direitos e liberdades de seus próprios cidadãos.

Em declarações dadas desde o Reino Unido, onde está de visita, o secretário de Estado, ainda assim, manteve a posição sobre a “importância” da compilação de dados em prol da “segurança” e do combate ao terrorismo, como vêm fazendo as autoridades norte-americanas acuadas pela reação internacional.

Além disso, uma Comissão do Senado estadunidense aprovou um projeto de reforma da lei sobre as atividades dos serviços de inteligência, embora isso se mostre uma medida paliativa contra um problema de fundo, a espionagem global como ato criminoso.

Relações danificadas

De acordo com o New York Times, para Obama, que fez poucos amigos próximos no reduzido clube de líderes mundiais, o dano colateral da espionagem infringido à sua relação com a chanceler Merkel é, talvez, o custo mais alto do episódio, embora o mundo venha condenando a prática.

Uma fonte superior da Casa Branca, citada pelo jornal, disse que o governo gostaria de “compartimentar essas questões, e continuar a avançar em outros aspectos da nossa relação bilateral”, mas a chanceler declarou, na semana passada, que a “espionagem entre amigos é simplesmente inaceitável”.

Houve uma quebra de confiança, segundo ela, e isso deve afetar a relação entre os dois países. Segundo o New York Times, a posição dura adotada por Merkel pode ter causado a Obama uma apreensão que “certamente deixou Obama consternado”, já que a chanceler “tinha se tornado uma espécie de melhor amiga na Europa”.

Por isso, o presidente pode passar algum tempo empreendendo ações de reparação, de acordo com autoridades estadunidenses, e provavelmente passará mais tempo na Europa, no próximo ano.

“Com um encontro sobre segurança nuclear na Holanda, uma reunião do G8 na Rússia e uma conferência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Reino Unido, ele terá muitas oportunidades”, afirma o artigo do New York Times.

Por enquanto, uma comissão parlamentar europeia e, mais especificamente, um grupo de agentes da inteligência alemã foram enviados aos Estados Unidos nesta semana para uma visita de averiguação, em que buscam explicações sobre a espionagem que atingiu seus líderes.

Com informações do New York Times,
Da redação do Vermelho