Grupo europeu investiga espionagem que os EUA ainda defendem

Uma delegação parlamentar europeia que visita os Estados Unidos afirmou, nesta segunda-feira (28), que o programa de espionagem norte-americano criou uma fratura nas “décadas de confiança mútua” entre a Europa e o país. Autoridades estadunidenses, por outro lado, seguem justificando o programa por “motivos securitários”; a Casa Branca classifica a medida de “legal”, e o republicano Mike Rogers, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, chegou a dizer que os europeus “devem agradecer”.

Comissão parlamentar europeia - DAPD

Elmar Bork, líder da comissão do Parlamento Europeu, fez duras críticas à política externa estadunidense no âmbito da visita motivada pelas denúncias de espionagem, que considerou “inaceitável” em sua extensão à vigilância dos líderes europeus “por mais de 10 anos”.

Após um encontro entre o grupo europeu e os deputados estadunidenses, Brok reiterou a necessidade de “trabalhar duramente para reestabelecer a confiança afetada” e mostrou-se preocupado com os futuros acordos comerciais entre a União Europeia e Washington.

A comissão parlamentar europeia chegou aos Estados Unidos no domingo (27), composta por nove deputados, para investigar o escândalo da espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) e da Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americanas.

A viagem foi impulsionada pelas revelações de que os seus programas afetaram também chefes de Estado e líderes europeus por diversos anos, como o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel.

Justificativas dos EUA

Porta-voz da Casa Branca, Jay Carney voltou a defender, nesta segunda-feira (28), as atividades da NSA, que classificou de “medidas legais que salvam vidas” e que “mantêm a salvo os cidadãos e os aliados” dos Estados Unidos.

Recorrendo uma vez mais ao pretexto da luta contra o terrorismo, Carney afirmou que o programa de vigilância do governo estadunidense responde às necessidades securitárias pós-11 de Setembro.

Por outro lado, o representante admitiu ser necessária a especificação das “restrições adicionais sobre como compilar e utilizar a inteligência [dados e informações recolhidos através da espionagem]”.

Carney informou, ao reiterar afirmações do presidente Barack Obama, que os EUA estão fazendo uma revisão do sistema de compilação de dados, com previsão para uma conclusão ainda no final deste ano. “Seremos mais transparentes sobre isso do que em qualquer outro caso da história”, disse.

A base de sustentação do programa, entretanto, assentada na espionagem das comunicações de cidadãos comuns, empresas e autoridades políticas não é questionada pelo governo norte-americano, embora até mesmo seus aliados mais próximos rechacem a política ilegal e invasiva.

O republicano Mike Rogers afirmou, no fim de semana, que os europeus deveriam agradecer aos EUA por serem “mantidos a salvo” pelo programa. “Se os franceses soubessem exatamente do que se trata, estariam aplaudindo e abrindo champanhes. É uma coisa boa. Mantém a França segura, mantém os EUA seguros e mantém os nossos aliados europeus seguros”, afirmou.

Também a assessora do presidente em asuntos de Segurança Interior e Terrorismo, Lisa Monaco, com o pretexto de protreger a segurança nacional, afirmou que o país seguirá compilando a informação que julgar necessária.

O diario británico The Guardian, segundo os documentos filtrados pelo antigo técnico informático Edward Snowden, revelou que os Estados Unidos vigiaram as conversas telefônicas de 35 líderes mundiais.

Com HispanTV,
Da redação do Vermelho