Rússia: Todos os envolvidos devem dialogar sobre a Síria

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov disse, nesta terça-feira (5), que o Irã deve ser convidado para a iminente Conferência internacional Genebra 2, sobre a Síria. Em uma coletiva de imprensa, Lavrov criticou a posição do principal líder da oposição no país árabe, Ahmad Jarba, chefe da Coalizão Nacional Síria (CNS), que recusa a participação persa e exige um cronograma claro para a retirada do presidente Bashar Al Assad do poder.

Síria - Reuters

A Conferência internacional de Genebra 2, sequência da realizada em meados do ano passado, vem sendo preparada há alguns meses, através do impulso diplomático russo, em acordo com os Estados Unidos.

Entretanto, a autoconfiança dos grupos opositores, que têm apoio bélico, financeiro e político do Ocidente e de países da região, tem impedido a condução dos diálogos com base em exigências inaceitáveis. Uma delas é a demissão de um presidente que tem legitimidade constitucional e apoio popular.

Leia também:
Questão síria tem prioridade nos debates das Nações Unidas
Liga Árabe pede que bandos sírios participem de reunião de paz
Na Síria, outro chefe entre os opositores renuncia ao cargo

Além disso, o líder da CNS, Jarba disse que se recusaria a participar também caso o Irã tomasse parte das conversações. Por outro lado, Lavrov rebateu: “Todos os que têm influência sobre a situação precisam ser convidados – e isso inclui não apenas Estados árabes, mas também o Irã”.

Dois dos adjuntos de Lavrov programam um encontro com diplomatas dos Estados Unidos e com o enviado especial da Liga Árabe e da Organização das Nações Unidas (ONU), Lakhdar Brahimi, nesta terça, em Genebra (Suíça). O objetivo é planejar esforços para realizar a conferência há muito adiada, já que a sua proposta foi feita ainda em maio.

Enviados do Iraque, da Jordânia, do Líbano, da Turquia e da Liga Árabe também participariam, de acordo com um porta-voz da ONU, citado pela agência de notícias Reuters.

Não ficou claro se uma data para as conversações em Genebra já seria estabelecida, e uma reunião com a CNS está prevista para sábado (9), em Istambul (Turquia), quando o grupo decidirá se fará parte da conferência.

Já o ministro sírio da Informação, Omran al-Zoubi declarou, nesta segunda (4), que o governo não participará da conferência para entregar o poder, uma vez que conta com apoio popular e está em acordo com a Constituição. Em 2014, afirmam as autoridades nacionais, o povo sírio decidirá o futuro do seu país, através das eleições já programadas.

O conflito na Síria, que eclodiu em 2011, já matou mais de 100.000 pessoas, de acordo com estimativas da ONU. Embora o governo venha se comprometendo com diálogos políticos estruturais, a continuidade da violência tem devastado o país, enquanto a atuação de grupos paramilitares (muitos compostos por mercenários e extremistas estrangeiros) apoiados desde o exterior é combatida pelas forças sírias, que buscam restabelecer a segurança.

Nesta segunda (4), a televisão estatal informou que cerca de 400 rebeldes deixaram os grupos armados dos quais faziam parte e comprometeram-se a abandonar os combates contra o Exército sírio. Além disso, outro líder dos paramilitares, o chefe da Junta Militar do chamado Exército Livre da Síria (ELS), Abdel Jabbar al-Okaidi renunciou ao cargo.

Com agências,
Da redação do Vermelho