Hinchey: A política comercial criminosa da UE no Saara Ocidental

A União Europeia (UE) gosta de se exibir como um paladino da integridade política, o benfeitor da comunidade internacional, quando, na verdade, suas políticas fedem à intrusão imperialista de antanho de tantos dos seus Estados membros. A política comercial ilegal e antiética da UE sobre a pescaria é um exemplo primário disso. A pesca na costa do Saara Ocidental pertence ao povo saarauí, do Saara Ocidental.

Por Timothy Bancroft-Hinchey*, no Pravda

Saara Ocidental - Casefire Magazine

O pescado não pertence a Marrocos, porque a sua presença no Saara Ocidental não foi sancionada pelo direito internacional e é, portanto, ilegal. Por que, então, a União Europeia negocia esses mesmos pescados com o Marrocos?

Se o Saara Ocidental é ilegalmente ocupado pelo Marrocos, então, por que estaria a UE negociando qualquer coisa com este país, já que é tão politicamente correta e, em segundo lugar, por que a UE está negociando com o ladrão o que, para todos os efeitos e propósito, seriam bens roubados?

Além disso, por que é que a UE não salvaguarda os direitos do povo saarauí, ao menos, e por que não toma uma postura firme e pública sobre a anexação do Saara Ocidental pelo Marrocos? Por que a ausência de qualquer cláusula sobre abusos de direitos humanos nos tratados que negocia com o Marrocos?

Neste momento, o Conselho de Representantes dos Estados membros da União Europeia está negociando, em Bruxelas [na Bélgica, sede da Comissão Europeia], sobre um protocolo de pescaria entre a organização e o Marrocos para o uso dos pescados que não pertencem ao país.

Por isso, qualquer manejo desses estoques pela UE se resume ao manuseio de bens roubados. No direito internacional, isso é um crime, pelo que podemos tirar uma conclusão: a política comercial da União Europeia é inerentemente criminosa.

Para a UE, o dinheiro importa mais do que a moral, o comércio em si é mais importante do que a origem dos bens comercializados, mesmo que eles sejam propriedade roubada. Também podemos concluir que a União Europeia não dá a mínima para o povo saarauí e seus direitos, desde que possa pôr as mãos nos seus recursos com o mínimo esforço.

Se a UE pesca nas águas do Saara Ocidental sem o consentimento anterior expresso das suas autoridades, e não do Marrocos, está violando o direito internacional, e os agentes responsáveis por isso estão conduzindo atividades criminosas.

Enquanto isso, Marrocos deve estar rindo, por todo o caminho até o banco. Este país ocupante ganha cerca de dois bilhões de euros [6,15 bilhões de reais] por ano do dinheiro dos contribuintes sob o novo protocolo (provavelmente a ser assinado depois deste mês).

Talvez o povo da União Europeia gostasse de expressar a sua opinião sobre esta questão, nomeadamente sobre o porque o seu dinheiro ganho a duras penas está sendo usado na atividade criminosa, para roubar peixes que pertencem ao povo saarauí.

Mais de 100 resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) foram aprovadas com a afirmação de que o povo saarauí tem direito à autodeterminação. E o que faz a UE? Brica com os ladrões e viola o direito internacional. Que bela política ética e correta.

Fonte: Pravda
Tradução de Moara Crivelente, da redação do Vermelho