Evento discute guia de serviços para população em situação de rua
Pessoas em situação de rua, integrantes de movimentos sociais, servidores públicos, representantes do Ministério Público, policiais civis e militares participaram nesta quarta-feira (13/11), no auditório da Defensoria Pública, no bairro do Canela, em Salvador, do Seminário Rede Pop de Rua. O encontro foi promovido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por meio de uma parceria com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
Publicado 13/11/2013 20:32 | Editado 04/03/2020 16:16
O objetivo do seminário foi o de discutir o Guia de Serviços para a população em situação de rua, em construção nas capitais do Brasil, e também para troca de experiência entre gestores, a população em situação de rua e profissionais que trabalham com o tema.
Na etapa baiana, foi feito um balanço da situação da população de rua de Salvador. A partir dos problemas apontados, o Guia de Serviços apresentará novos rumos para o trabalho de assistência à população que vive nas ruas da capital.
Presente ao debate, a secretária estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), em exercício, Olívia Santana, defendeu a necessidade de se acabar com os “ecos do passado que continuam perturbando nosso presente. Os movimentos sociais precisam acabar com essas feridas. Nós temos um desafio, e essa mobilização acontece num momento oportuno para oferecer direitos culturais, econômicos e educacionais para essa população”.
Ela lembrou ainda de algumas medidas já adotadas pelo Governo baiano para mudar a realidade da população em situação de rua, a exemplo do Programa Bahia do Trabalho Decente, executado pelo Estado em parceria com instituições de trabalhadores e patronais. “Na construção da Arena Fonte Nova, conseguimos qualificar e oferecer emprego para 60 moradores de rua. Esse pessoal teve de volta a sua dignidade e a sua autoestima. Foi o resgate da cidadania. Sabemos que o desafio é grande, mas já é uma importante contribuição para diminuir este débito social”, disse.
Exemplo
Luiz Claudio Gouveia, um dos coordenadores do Movimento População de Rua, disse que o movimento surgiu no Brasil em 2004 e que, em Salvador, ele se fortaleceu nos últimos três anos. Luiz, que é paulista, veio para a Bahia por causa de uma briga com familiares e acabou morando quase três anos na rua. “Hoje, consegui reestruturar minha vida, moro no centro da cidade, tenho uma filha e procuro ajudar o movimento em busca de conquistas como dignidade e direitos. Ninguém quer comida. Quer direitos como moradia, trabalho e saúde”.
Segundo o coordenador, em Salvador existem pelo menos 4 mil moradores de rua espalhados em pontos crônicos como Praça das Duas Mãos (Comércio), Aquidabã e Largo do Tanque. A maioria vive fazendo bico lavando carros, trabalhando com reciclagem e guardando veículos na região do centro ou na Barra.
Carlos Alberto Ricardo Junior, coordenador da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e que está responsável pelos trabalhos de construção do Guia, disse que o resultado final, que é a confecção de um livro, é o menos importante.
“Esses encontros que estamos realizando em várias cidades do país, o processo de construção desta rede é que tem nos deixado satisfeitos. Estamos ouvindo todos para que possamos garantir inclusive a inclusão desse pessoal com conquistas históricas, principalmente o acesso a mudança de cultura. Esse processo é bonito e muito rico e essa experiência tem me deixado muito feliz”.
Fonte: Setre