No exterior, chilenos usam internet para participar de eleição

O direito a voto dos chilenos que moram fora do país é um tema que sempre volta à tona a cada eleição presidencial. Os que saíram não podem participar das eleições desde o fim da ditadura, já que a Constituição os vê como “inimigos da pátria”. Por isso, a cada quatro anos, grupos de emigrantes vivendo em diferentes países organizam formas de protesto e votações simbólicas, que têm se aperfeiçoado com o uso da internet e das redes sociais.

Por Victor Farinelli e Paola Cornejo, na Opera Mundi

Este ano, haverá três grandes iniciativas paralelas – também disponíveis para os chilenos residentes no Brasil.

Uma delas é a da campanha Voto Ciudadano (“voto cidadão”), que organiza uma eleição simbólica através do site votociudadano.cl. Qualquer chileno fora do seu país poderá participar – incluindo, evidentemente, os que vivem no Brasil.

A eleição via internet foi aberta neste domingo (10) e será encerrada no mesmo instante em que forem fechadas as urnas no Chile (no dia 17, às 18h, hora de Brasília). Nos dois primeiros dias, foram registrados 2.500 votos provenientes de 41 países, inclusive o Brasil.

Para votar, basta ter um número de documento de identidade chileno. Ele só será pedido após o registro do voto, que será criptografado. O sistema conta com um mecanismo que impede a participação de pessoas dentro do Chile, e evita que se possa votar mais de uma vez.

Lápis eletrônico

Apesar de ser uma modalidade de voto eletrônico, a campanha Voto Ciudadano buscou simular exatamente o voto em papel utilizado atualmente no Chile. O eleitor emigrante, ao começar o procedimento de votação, encontra na tela uma recriação da cédula chilena e um lápis eletrônico com o qual poderá marcar a opção que preferir.

O lápis também permite outras manifestações: se quiser, o eleitor poderá anular o voto ou escrever na lateral da cédula, para apoiar a campanha que reivindica a criação de uma assembleia constituinte para o país.

A porta-voz da campanha, Rossana Dresdner, conta que a organização já realizou seis eleições. Em todas elas, estima-se que mais de 500 mil pessoas participaram dos pleitos.
“Nossa plataforma busca permitir que as pessoas possam se expressar, não importando onde elas morem, em cada questão importante que o país precise decidir como sociedade”, afirma.

Faça seu voto voar

Outra iniciativa se chama Haz Tu Voto Volar (“faça seu voto voar”). A ideia, neste caso, é muito mais simples: registrar um depoimento em favor do voto dos chilenos no exterior, individualmente ou junto com a comunidade presente na cidade em questão, e enviar para os organizadores, que reúnem mês a mês as várias imagens que chegam de diversas partes do mundo.

Sergio Saavedra, chileno residente na Austrália e um dos representantes da campanha, diz que a intenção é “unir os chilenos com entusiasmo e generosidade. Sem discriminar, porque somos muito diferentes, nos alimentamos com uma nova cultura todos os dias, e ainda assim não deixamos de ser chilenos. Queremos nos manter unidos às nossas raízes”.

O símbolo da campanha é um aviãozinho de papel com as cores e os traços da bandeira nacional. Para os chilenos no exterior que querem fazer parte da campanha, é necessário enviar fotos ou vídeos por e-mail ou entrar em contato via Facebook com o grupo.

Plebiscito dos chilenos

A terceira opção de participação é o Plebiscito Dos Chilenos no Exterior. Organizado por um grupo de acadêmicos chilenos que vive na Espanha e nos Estados Unidos, a iniciativa pretende ser uma consulta entre os emigrantes sobre seis temas relativos a suas condições: direito a voto, isenção de impostos aduaneiros aos que pretendem voltar ao país, repatriamento dos restos mortais de chilenos mortos no exterior pagos pelo Estado, entre outros assuntos.

Quem quiser participar do plebiscito deve enviar e-mail, durante esta semana, identificando-se como chilena ou chileno apto para votar.