Em ato final de campanha, Bachelet pede vitória no 1º turno

Cercada por pouco mais de 20 mil pessoas, a ex-presidente Michelle Bachelet encerrou sua campanha na noite desta quinta-feira (14), no Parque Municipal de Quinta Normal, em Santiago. Ao lado de todos os candidatos ao Parlamento da sua coligação, a líder socialista listou os principais pontos do seu programa de governo, e terminou o discurso com um enfático apelo: “temos que ganhar no primeiro turno!”.

Por Victor Farinelli e Paola Cornejo, na Opera Mundi

A candidata socialista Michelle Bachelet dança em seu ato de encerramento de campanha | Foto: Paola Cornejo – Opera Mundi

Bachelet chega nesta reta final com um favoritismo que permite a ela sonhar com essa possibilidade, que não ocorre no Chile desde 1994. As últimas pesquisas a mostram com um apoio que varia entre 45% e 50%, sempre maior que a soma dos demais candidatos. A primeira votação da eleição presidencial chilena será realizada neste domingo (17). Se necessário, o segundo turno está marcado para 15 de dezembro. O vencedor assume o Executivo em 11 de março de 2014 para um mandato de quatro anos.

A dúvida a respeito de sua opção de vitória no primeiro turno está associada, sobretudo, ao novo sistema de voto voluntário implantado no país. Por isso, a candidata usou o exemplo de uma recente partida da Seleção do Chile nas Eliminatórias da Copa do Mundi para estimular o público presente: “vocês lembram do jogo contra a Colômbia, quando nós ganhávamos por 3×0 no fim do primeiro tempo, e achamos que o jogo já estava ganho. Voltamos do intervalo mais relaxados, e permitimos o empate. Então, no domingo, ninguém pode relaxar enquanto não depositar seu voto na urna” – na ocasião, o Chile precisava vencer para garantir sua classificação antecipada para a Copa de 2014, mas permitiu o empate colombiano, que forçou o time a obter a vaga somente na última rodada, contra o Equador.

Sobre os temas programáticos, a candidata ressaltou os três principais pontos do seu projeto, destacando o caráter redistributivo de todos. “Quando falamos em reforma tributária para combater a desigualdade queremos dizer redistribuição das riquezas; quando falamos em criar uma constituição nova e mais legítima queremos dizer redistribuição do poder; quando falamos em educação gratuita e de qualidade para todos os chilenos queremos dizer redistribuição social”, explicou ela em seu discurso.

Evelyn Matthei

Por sua parte, a candidata governista, Evelyn Matthei, encerrou sua campanha em um evento na cidade de Chillán (350 km ao sul de Santiago), onde reuniu cerca de sete mil pessoas e foi acompanhada pela primeira-dama, Cecília Morel de Piñera.

A candidata governista começou seu discurso aludindo a um trecho do que foi pronunciado por Bachelet minutos antes, em Santiago. A candidata socialista havia dito que “pretende construir as bases para uma nova política sem desqualificações, que é a política em que acreditamos”. Matthei, por sua parte, respondeu que “o que a minha adversária chama de ‘desqualificações’ é somente o confronto de ideias e de resultados, e ela foge desse confronto porque sabe que tem a perder. Se perguntarem a todos os chilenos qual governo lhes deu um país melhor, tenho certeza que a grande maioria dirá que está terminando este governo com uma situação melhor que a que tinha ao final do governo de Bachelet”.

Matthei também fez críticas às pesquisas de opinião, que apontam uma possível vitória da sua rival socialista no primeiro turno. “As pesquisas sempre medem mal as intenções de voto do nosso setor político, assim como medem mal a popularidade do presidente Sebastián Piñera. Mas as urnas sempre são a melhor pesquisa e, neste domingo, vamos ganhar novamente dos institutos”, disse a candidata.