Meios argentinos não querem que Cristina termine seu mandato

A democratização dos meios de comunicação é uma das reformas defendidas pelo programa do PCdoB. A Argentina deu um passo importante neste sentido ao implementar a Lei de Meios, considerada por militantes e intelectuais como uma das mais avançadas no mundo. Mas, apesar disso, o país também enfrenta a ira dos meios de comunicação, como comenta ao Portal Vermelho o integrante do Partido Comunista do Congresso Extraordinário da Argentina, Ezequiel Dadamo.

Por Vanessa Silva, do Portal Vermelho

Meios de comunicação argentinos “vão seguir colocando obstáculos, apostam que Cristina [Kirchner] não chega a 2015”, diz Ezequiel Dadamo | Foto: Clécio de Almeida

“A Lei de Meios foi aprovada em 2009, mas o jornal Clarín colocou uma série de obstáculos para que não fosse aplicada plenamente”, comentou Dadamo, que participou do Seminário Internacional do PCdoB, ao ser questionado a respeito da recente decisão da Suprema Corte de Justiça que declarou artigos questionados pelo grupo monopólico como constitucionais. Na prática, a empresa que protelava a aplicação da lei terá que finalmente se enquadrar, observou: “a Corte definiu a plena aplicação da lei, o que obriga o Clarín a iniciar um processo de desinvestimento para se desfazer de seu monopólio”.

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Apesar da conquista, Dadamo pontua que a luta pela democratização da mídia ainda não chegou ao final. Para ele, “vão seguir colocando obstáculos, apostam que Cristina [Kirchner] não chega a 2015 [quando termina seu mandato]" afirmou prevendo que os próximos dois anos de mandato serão difíceis para a mandatária que terá, ainda assim, que encarar “uma longa batalha”. Na Argentina, como no Brasil, os meios de comunicação atuam como fortes partidos de oposição a governos progressistas.

O comunista, avaliou ainda que desde que a lei entrou em vigor, em 2009, “houve muito avanço no audiovisual argentino. A desinversão [do grupo Clarín para acabar com o monopólio] é importante. Esta lei foi discutida nacionalmente por muitos setores, muitas redes comunitárias, setores multissetoriais ligados à questão da comunicação. O governo está destinando recursos para dar resposta às iniciativas midiáticas, com a liberação de novas frequências, enfim, [a democratização da comunicação] é um caminho que temos que trilhar”.