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Servidores públicos dos EUA relataram à agência Associated Press detalhes sobre o plano batizado de Penny Lane (a famosa canção dos Beatles). A uma pequena distância dos escritórios administrativos do centro de detenção de Guantânamo, a CIA construiu oito pequenos centros que conhecidos como Marriot. A adesão de espiões ao programa se deu por causa das vantagens oferecidas, que contrastavam com o "regime espartano" imposto nas celas dos presos comuns.

A matéria reproduzida pelo jornal espanhol El País, nesta terça-feira (26), revela que, com centenas de presos chegando à base naval militar dos EUA em Cuba, a CIA desenhou um programa para converter em agentes duplos alguns dos mais perigosos terroristas da Al Qaeda.

O plano Penny Lane foi executado entre 2003 e 2006, e tinha como objetivo infiltrar esses presos (pagos pela CIA) em organizações que o governo norte-americano classificava como "terroristas". Os "espiões" participavam dos grupos em seus respectivos países e eram convertidos em informantes dos EUA.

Segundo o jornal, "A espionagem não estava isenta de riscos, e altos, já que sempre existia a possibilidade de que, uma vez postos em liberdade em seus países, esses homens traíssem a agência de inteligência e conspirassem contra os EUA".

As fontes da Associated Press informam que o programa ficou em gestação durante os anos de George W. Bush na Casa Branca. Contudo, esses agentes podiam decidir se converterem em agentes triplos, ou simplesmente passar informação falsa à Langley (cidade do Estado da Virginia, onde fica situada a CIA).
Não existem cifras exatas sobre o número total de presos que foram recrutados para a operação Penny Lane, mas se estima que apenas uma dúzia foi considerada; dela, uma pequena fração acabou trabalhando para a CIA. No seu auge, Guantánamo chegou a abrigar 779 presos. Hoje, 166 homens estão presos em suas dependências.