Maduro acusa EUA de intervir no processo eleitoral de Honduras

“Fora gringos! ‘Yankees go home´ de Honduras, já basta!”, exclamou o presidente venezuelano Nicolás Maduro, na noite desta segunda-feira (25), ao acusar os Estados Unidos de “intervencionismo” no processo eleitoral do país centro-americano.

Por Luciana Taddeo, de Caracas para o Opera Mundi

O chefe de Estado da Venezuela contestou a divulgação dos resultados pelo TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) hondurenho, e lembrou que, quando estes ainda estavam sendo debatidos, a embaixadora norte-americana no país, Lisa Kubiske, “saiu dizendo que os EUA tinham formado o TSE de Honduras, que tinha investido não sei quantos milhões para ensinar os hondurenhos a votar. Que os resultados eram esses, que tinha que acatá-los”.

“Ferve o sangue quando se vê uma embaixadora dos EUA se metendo nos assuntos internos dos hondurenhos”, expressou o chefe de Estado, durante um ato na região de Cátia, em Caracas. Segundo Maduro, o povo de Honduras “tem suficiente maturidade para resolver seus assuntos internos sem que ninguém se intrometa neles”.

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Para o presidente venezuelano, o processo eleitoral de Honduras “está tentando curar as feridas do golpe de Estado” de 2009 contra o então presidente Manuel Zelaya, marido de Xiomara Castro, candidata que não reconhece os resultados do TSE. “Quero aqui expressar nossa repugnância e repúdio pelas declarações que deu ontem a embaixadora dos EUA em Tegucigalpa”, disse.

De acordo com comunicado do TSE emitido nesta manhã (26), o resultado da eleição hondurenha apresenta uma “tendência irreversível”, com 67% dos votos apurados. Dessa forma, o candidato do Partido Nacionalista, Juan Orlando Hernández, soma 34,08% dos votos, seguido de Xiomara Castro, do Libre, com 28,92%.

Segundo o site eletrônico do jornal hondurenho La Prensa, Kubiske afirmou que “é preciso respeitar a vontade dos eleitores, e há sistemas que existem para garantir que os resultados são os verdadeiros. O que nós queremos é um processo que funcione”. A diplomata disse ainda que os EUA financiaram a entrega de 600 cédulas de identidade e a orientação aos eleitores sobre como votar. Para ela, houve “avanços” no processo eleitoral, que afirmou ter sido “transparente, com partidos políticos bem representados em quase todas as mesas”.

“Por que os EUA têm que se meter nos assuntos internos de nossos países latino-americanos?”, questionou Maduro, complementando: “Eu quero, em nome do governo bolivariano, rechaçar o intervencionismo norte-americano no processo eleitoral interno de Honduras”.

O chefe de Estado também criticou comparações estabelecidas entre a situação em Honduras e a eleição presidencial na Venezuela em abril deste ano. “São processos diferentes”, afirmou. “Na Venezuela tem um processo eleitoral automatizado. Votamos no processo eleitoral mais vigiado, mais controlado, melhor automatizado do mundo (…) é o mais auditado de todo o mundo”, disse, mencionando que a auditoria realizada pelo poder eleitoral do país determinou coincidência de 99,9% entre comprovantes emitidos pelas urnas eletrônicas e atas eleitorais.