Canal da Nicarágua trará oportunidades para toda a AL, diz cônsul

A embaixada da Nicarágua no Brasil realiza, nesta quinta-feira (5), uma exposição sobre a construção do Canal Interoceânico do país com o Ministro-Secretário de Políticas Nacionais e Secretário da Comissão do Projeto do Canal, Paul Oquist. Em entrevista ao Vermelho, o cônsul da Nicarágua em Brasília, Marvín Ortega Rodríguez, falou da expectativa que o país tem a partir da realização desta obra.

Por Vanessa Silva, no Portal Vermelho

Canal interoceânico da Nicarágua vai mudar toda a América Latina, afirmou Marvín Ortega Rodríguez

Com um investimento de US$50 bilhões, cerca de 30 vezes a produção nacional, trata-se da maior obra já realizada em seu país e a primeira de tamanha envergadura sem a presença do governo dos Estados Unidos, como pontuou Marvín, que participou do Seminário Tendências da Situação Internacional promovido pelo PCdoB no âmbito de seu 13º Congresso em novembro. O investimento está sendo feito por empresas chinesas, russas, venezuelanas, australianas, inglesas e estadunidenses.

“Isso vai mudar a América Latina porque vai estabelecer uma nova rota por onde poderão circular os grandes barcos que hoje não passam pelo Panamá”, avaliou. Com vistas neste projeto e na ampliação do Canal do Panamá, Cuba tem investido na ampliação e modernização do Porto de Mariel, uma das iniciativas mais importantes para a economia cubana nos últimos anos.

Mas, de acordo com especialistas, a tendência é que o canal beneficie sobretudo a China que terá uma rota mais favorável para comercializar com os países latino-americanos devido à diminuição do preço com o transporte.

Em entrevista à BBC em junho quando foi anunciada a construção, o pesquisador da Universidade Autônoma Metropolitana (UAM) do México Heinz Dietrich avaliou que para a China, trata-se de “um golaço geopolítico nos Estados Unidos”. O gigante asiático “teria um acesso estratégico muito melhor à América do Norte, algo que não tem neste momento”.

Dietrich avaliou ainda que o canal é “uma resposta ao que faz Washington, ao estabelecer alianças” na região vizinha ao país asiático. “É como um xadrez. A China diz: vocês procuram construir um muro de contenção na nossa vizinhança, então nós podemos fazer o mesmo com Costa Rica, México e agora a Nicarágua.”

Ainda não foi definido o traçado do canal, mas Marvín reconhece que existem riscos neste projeto, sobretudo ambiental, já que o país será dividido em dois. “Estão investindo US$ 450 milhões só para fazer o estudo do impacto causado”.

Quanto à propriedade do canal, Marvín explicou que o Estado começará com 1% das ações e a cada ano adquirirá 1% de modo que em 50 anos terá a maior parte delas. E garantiu ainda que a constituição nicaraguense garante o investimento em questões como saúde e educação.