EUA e Reino Unido suspendem envio de ajuda a rebeldes sírios

Os governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha anunciaram nesta quarta-feira (11) a suspensão do envio de ajuda não letal (equipes de comunicação, coletes a prova de balas, material médico) aos paramilitares no norte da Síria, após a Frente Islâmica assaltar e saquear, no fim de semana, vários arsenais do chamado Exército Livre Sírio, próximo da fronteira com Turquia.

Exército sírio em Homs - EPA / The Telegraph

Há apenas três meses, os líderes dos EUA e do Reino Unido tentavam arduamente convencer seus parlamentos da “necessidade” de um ataque militar contra o governo do presidente Bashar al-Assad para enfraquecê-lo e mudar o rumo da guerra (e o poder) na Síria.

Nesta quarta, o presidente Barack Obama e o primeiro-ministro David Cameron afastaram-se um passo a mais dos rebeldes, os mesmos que, no passado, foram elevados à categoria de interlocutores e “representantes legítimos” da cidadania síria, em mais uma ingerência política gravíssima.

Segundo fontes diplomáticas norte-americanas no Oriente Médio, a suspensão do apoio foi decidida para evitar que algum tipo de material “acabasse em mãos erradas”, isto é, das milícias islamistas que foram ganhando terreno dos opositores moderados nos últimos meses.

As autoridades sírias têm alertado recorrentemente sobre os atos de terrorismo perpetrados pelas milícias e a participação direta do Ocidente ao sustentar o envio de armas e outros equipamentos militares a grupos que lutam contra um governo constitucional, disseminando a violência e causando a instabilidade do país e da região.

A Frente Islâmica (uma união de sete brigadas que, há alguns meses, cooperaram com o Exército Livre, segundo o jornal espanhol El País) assaltou o quartel do Conselho Militar Sírio rebelde e um depósito de armas na localidade de Baab al-Hawa, no noroeste da Síria. Segundo El País, foram apreendidos armamentos antiaéreos e antitanques.

Após um ano de guerra na Síria, em março de 2012, a Casa Branca começou a suspender o envio de ajuda militar aos rebeldes, embora continuasse promovendo a opção e se empenhasse pelo estabelecimento de uma intervenção militar contra o país.

Desde então, autorizou pontualmente o envio de equipamento de assistência, mas não armas ou munição, que eram fornecidos principalmente pelos vizinhos Turquia, Catar, Arábia Saudita e Israel.

Além disso, a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) treinou vários grupos de rebeldes sírios na Jordânia. Em uma visita ao país árabe, em março deste ano, o presidente Obama expressou resistência a intensificar a ajuda aos rebeldes pela ascensão do jihadismo entre as categorias opositoras. “Me preocupa muito que a Síria se converta em um enclave para o extremismo, porque os extremistas são cultivados no caos, crescem em Estados frustrados, nos quintais do poder”, disse.

O Exército Livre Sírio fica assim cada vez mais encurralado entre duas frentes. Por um lado, as tropas do governo sírio não deixam de retomar terreno, com a volta ao controle da estratégica localidade de Qusair, na fronteira com o Líbano, no final de maio. Por outro, os islamistas têm se arraigado e impuseram condições extremas nas zonas tomadas pelos rebeldes, no norte do país, sobretudo em Alepo e Raqqa.

Com informações do El País,
Da redação do Vermelho