Novas sanções dos EUA violam acordo nuclear com o Irã

Uma nova rodada de sanções dos Estados Unidos contra entidades do Irã e estrangeiras, aprovada pelo Departamento do Tesouro na quinta-feira (12), é responsável pela paralisação das negociações sobre o programa nuclear persa, de acordo com fontes diplomáticas, em declarações nesta sexta (13). Apesar do progresso e do comprometimento do Irã com as negociações, o departamento estadunidense sancionou 19 empresas e indivíduos persas, violando o acordo recentemente estabelecido.

Delegação iraniana - AFP

No final de novembro, depois de meses de negociações, um acordo entre o Irã e o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia, como membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e a Alemanha) previa o congelamento das medidas de sanção e o alívio das que já estavam em vigor, em troca da redução do enriquecimento de urânio e do maior acesso às instalações nucleares persas.

Apesar das advertências de diversos líderes mundiais e do próprio presidente Barack Obama contra a imposição de novas sanções em prol das negociações, o Departamento do Tesouro estadunidense lançou um novo pacote de restrições. Segundo co-diretora do Centro de Ação Internacional, Sarah Flounders, em declarações à emissora persa PressTV, as sanções são, em geral, uma violação da soberania persa, e o novo pacote chega a ser “um ato de guerra”.

O departamento estadunidense sancionou 19 pessoas e empresas iranianas e estrangeiras por “proporcionar apoio” ao programa nuclear persa, violando o acordo alcançado no fim de novembro. Além disso, a falta de evidências que apoiem a acusação do Ocidente sobre um objetivo bélico por parte do Irã deslegitima completamente a contínua imposição de sanções.

Os representantes do G5+1 e do Irã continuavam dialogando sobre a implementação do acordo, que tinha um cronograma de duração de seis meses, e já havia sido iniciado: o Irã permitiu o acesso da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a instalações-chave e iniciou a suspensão do enriquecimento de urânio a 20% (reduzindo para 5%), enquanto o Ocidente descongelaria sete bilhões de dólares em recursos persas no exterior.

Segundo porta-vozes europeus e dos EUA, as conversações foram suspensas para um processo de consultas com os respectivos governos, mas devem ser retomadas em breve. Entretanto, o governo persa afirmou, na sexta, que as novas medidas dos Estados Unidos, direcionadas a companhias e indivíduos envolvidos em seu programa nuclear, violou o espírito do acordo.

O vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi disse à agência e notícias persa Fars que as autoridades iranianas estão “avaliando a situação, e o Irã reagirá de acordo com as novas sanções impostas”. A delegação iraniana nas negociações, em Genebra, na Suíça, anunciou o retorno a Teerã na quinta-feira, logo após o anúncio da nova medida. Entretanto, o comprometimento do Irã com a diplomacia continua afirmado.

A Rússia também afirmou, na sexta, que a medida estadunidense violava o acordo alcançado com as potências mundiais no mês passado, e poderia até prejudicar a sua implementação. “A decisão do governo dos EUA vai contra o espírito deste documento”, disse a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores russo. “Aumentar a lista estadunidense [de entidades sancionadas] poderia complicar seriamente o cumprimento do acordo de Genebra, que propunha o alívio do regime de sanções”, concluiu.

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências