Parlamento alemão confirma governo direitista de Angela Merkel

Angela Merkel foi confirmada como a chanceler da Alemanha, para o seu terceiro mandato no cargo. Sua coalizão, construída em três meses de negociações, foi aprovada nesta terça-feira (17) por votação no Bundestag, a Câmara Baixa do Parlamento alemão. O país mantém, assim, o rumo direitista e a tendência imperialista sobre a Europa, refletidos nos partidos que compõem o gabinete renovado de Merkel.

Angela Merkel - AFP

O bloco de centro-direita composto pelo partido de Merkel, a União Democrática Cristã (CDU) e pelo partido União Social Cristã da Baviera (CSU), conseguiu formar uma coalizão com o Partido Socialdemocrata (PSD), formando uma grande maioria, com 504 dos 631 assentos.

Na votação desta terça, Merkel foi aprovada com 462 votos, e apenas nove parlamentares se abstiveram na votação, enquanto 150 votaram contra a sua continuação à frente do governo. Entre os que votaram contra a permanência de Merkel no cargo, o Partido da Esquerda e os Verdes têm 127 assentos.

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De acordo com analistas políticos citados pela emissora britânica BBC, a “postura dura” da Alemanha sobre a “disciplina fiscal” não deve mudar com a nova coalizão. Isso reflete os programas de arrocho impostos pelas instituições europeias e pelo Fundo Monetário Internacional aos países que recorrem aos seus “resgates financeiros”.

Para economistas de esquerda, como o italiano e comunista Vladimiro Giacché, o processo de é de "anexação" das economias do sul europeu ao capitalismo alemão, como foi o caso da Alemanha Oriental em relação à Ocidental, há cerca de 20 anos.

Entretanto, o SPD conseguiu uma concessão para a sua adesão à coalizão: a instituição de um salário mínimo nacional, até então inexistente, mas sempre presente nas propostas da esquerda alemã, como as do partido Die Linke (“A Esquerda”). O mínimo só entrará em vigor em 2015, porém, a uma taxa de 8,5 euros (R$ 27,11) por hora.

Segundo a BBC, haverá certo alívio da pressão de direita no seio do governo, já que a coalizão do CDU-CSU é formada com os sociais-democratas, e não com o Partido dos Democratas Livres (FDP), baseado numa orientação de mercado mais extrema.

Entretanto, além de ter uma postura relativamente conservadora, o SPD também forma uma minoria em um governo ainda firmemente dominado pelas forças aliadas à chanceler Merkel, que mantém um controle incisivo sobre o resto das economias europeias, sobretudo as do sul.

O acordo sobre a formação da coalizão, um documento de 185 páginas intitulado “Forjando o Futuro da Alemanha”, foi concluído em novembro, e Merkel teve de recorrer ao SPD devivo à derrota eleitoral do seu aliado favorito, o FDP, em setembro.

Entretanto, ressalta a matéria da BBC, o aliado fiel de Merkel, Wolfgang Schaeuble – um dos 10 políticos do bloco CDU-CSU no gabinete de 16 ministros – continuará ocupando o Ministério das Finanças. “Seu nome significa a estabilidade do euro e estou feliz porque ele vai continuar”, disse a chanceler.

No sistema federalista alemão, o cargo de chanceler representa o de chefe de Estado, também equivalente ao de primeiro-ministro em outros regimes. A posição evoluiu da criada por Otto von Bismarck, na Confederação do Norte da Alemanha, em 1867, cuja organização também evoluiu para a de um Estado-nação alemão, com a unificação da Alemanha, em 1871.

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências