PS quer que filha de Allende entregue faixa a Bachelet

Antes mesmo do domingo (15/12), quando aconteceu o segundo turno das eleições presidenciais, o Partido Socialista do Chile já havia começado as negociações com os demais partidos da coligação Nova Maioria, que elegeu Michelle Bachelet, para conseguir presidir o Senado.As gestões para isso têm como objetivo eleger a senadora socialista Isabel Allende, filha de Salvador Allende, deposto no golpe de Estado de 1973.

Por Paola Cornjeo, na Opera Mundi

Partido Socialista quer colocar Isabel Allende na Presidência do Senado do Chile | Foto: Paola Cornjeo, na Opera Mundi

Caso seja eleita para comandar o Senado, caberá a Isabel colocar a faixa presidencial em Bachelet durante a cerimônia de posse. Outro fator histórico é que a senadora poderia ocupar o cargo que foi de seu pai, durante os anos de 1966 e 1969, anos que antecederam sua chegada à presidência do país, em 1970.

Segundo a composição política dos cargos legislativos dentro da Nova Maioria, caberia ao Partido Democrata Cristão obter o cargo, que já é ocupado atualmente por uma figura do partido – o senador Jorge Pizarro. Entretanto, a nova acomodação de forças dentro do bloco, com uma queda na participação dos setores mais moderados, poderia tornar possível a conjuntura em prol de Isabel.

Caso essa conjuntura se imponha, o Partido Socialista teria duas militantes (Bachelet e Isabel) ocupando as presidências dos poderes Executivo e Legislativo, o que é visto como um obstáculo à ideia, mas algo que, por outro lado, pode ser balanceado durante a definição dos cargos ministeriais.

Osvaldo Andrade, presidente do Partido Socialista, vem sendo o encarregado de liderar as negociações e afirmou que “seria um orgulho para o partido que pudéssemos ter duas figuras tão representativas da nossa história protagonizando um momento que, sem dúvida, teria uma grande projeção internacional, pelo que significam ambas”.

Além disso, a iniciativa contaria com a aprovação de Michelle Bachelet, que é amiga pessoal de Isabel desde o retorno dela ao país.

Isabel Allende Bussi nasceu em Santiago, tem 68 anos e é a filha caçula de Salvador Allende – e também é prima da escritora chilena que tem o seu mesmo nome e sobrenome, autora de best seller como "A Casados Espíritos", entre outros. Esteve (junto com sua irmã Beatriz Allende, já falecida) ao lado de seu pai durante o bombardeio ao Palácio de La Moneda, que marcou o golpe de estado no país, dia 11 de setembro de 1973. Naquele dia, só aceitou sair do edifício depois de pedido expresso do pai, que ordenou aos que o acompanhavam que deixassem o palácio.

Após o golpe e a morte do pai, Isabel se exilou no México, retornando ao país somente em 1988, no ano do plebiscito que determinou o fim da ditadura de Pinochet (1973-1990). Seu regresso ao país também foi conturbado, apesar do retorno da democracia, já que seu nome estava numa lista de pessoas não autorizadas a voltar ao país, algo que somente foi corrigido depois.

Iniciou a carreira política em 1994, como deputada representante da região de Atacama. Em 2009, foi eleita senadora, pela mesma região, cargo que ocupa até hoje.

Fonte: Opera Mundi