UBMPE celebra 25 anos consciente dos desafios a enfrentar

O plenário da Câmara Municipal de Olinda ficou lotado na tarde desta segunda-feira (16) durante a sessão solene que marcou os 25 anos da UBM- União Brasileira de Mulheres em Pernambuco. Promovido pela coordenação local da entidade, o evento contou com a presença da maioria das fundadoras da UBM Pernambuco e de representantes de segmentos sociais do Recife e de Olinda.


Foto: Luiz Fabiano/PMO

À mesa, representantes dos Poderes Executivo e Legislativo das duas cidades e do movimento social, como o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira; o presidente da Câmara de Olinda, vereador Marcelo Soares; a vereadora Isabela de Roldão (PDT); a secretária da Mulher do Recife, Sílvia Cordeiro.

Além da presidenta do Comitê Municipal do PCdoB do Recife, Antonieta Trindade; e o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Marcelino Granja. Em virtude de compromissos de trabalho, a deputada federal Luciana Santos deixou sua mensagem em vídeo exibido durante a cerimônia.


Plenário da Câmara ficou lotado. Foto: Audicéa Rodrigues

Prestigiaram a homenagem representantes de entidades do movimento social, entre os quais, Augusto Semente, do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa; Valéria Silva, do movimento sindical; Lourdes, da Rede de Mulheres Produtoras; Alex Ramos, do movimento LGBT de Olinda; Doroteia Lessa, da Secretaria de Direitos Humanos de Olinda; Lúcia Helena, do Cisam; Marcos Morais, da Unacomo; Dona Dá, carnavalesca de Olinda; e Hemilton Biserra, da CTB-PE, bem como o vereador Marcelo Santa Cruz (PT).

Nos discursos, a certeza de que apesar das conquistas a luta das mulheres ainda tem muito que avançar no sentido da isonomia de direitos e/ou no da ocupação de espaços de poder, seja no mercado de trabalho, seja no Parlamento. A eliminação da violência contra a mulher esteve também incluída no rol de desafios e lutas das mulheres lembrados pelos/as palestrantes.

Contra a opressão


"A UBM compreende as contradições sociais", disse Luciano. Foto: Audicéa Rodrigues

Para o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (foto), a luta das mulheres da UBM ao longo de um quarto de século tem valido a pena. "Só é possível existir uma organização como a União Brasileira de Mulheres se ela for objetivamente necessária. E a UBM é necessária porque, com todo respeito às diversas correntes de pensamento existentes no movimento feminista, a UBM, embora não seja partidária, seja uma organização própria de mulheres, ela procura compreender as contradições e os conflitos da sociedade brasileira, procura inserir na compreensão dessas contradições as razões históricas e atuais da opressão de gênero de um ponto de vista marxista, revolucionário e libertário", afirmou.

Luciano destacou ainda que ao longo desses 25 anos muitas mulheres ubemistas têm dado uma contribuição importante para elucidar o fenômeno da desigualdade de gênero do ponto de vista teórico, científico, antropológico, político e cultural, "de tal maneira que a UBM completa hoje 25 anos exibindo um manancial de contribuição teórica, política, de análise da realidade concreta da condição da mulher na sociedade brasileira".

Entre as mulheres que fizeram e fazem a história da organização ele citou nominalmente, Rosinha; Solange, já falecida; Cila, Luci Siqueira; Georgina; dona Nizete; e mais recentemente, Avani Santana; Márcia Ramos e Ana Magalhães, "entre tantas outras".

Mulher no poder


Na tribuna, Antonieta defendeu a reforma política. Foto: Audicéa Rodrigues

Em breve pronunciamento, a presidenta do Comitê Municipal do PCdoB do Recife, Antonieta Trindade (foto), lembrou as lutas e os desafios das mulheres nos dias atuais, destacando a questão da violência a que elas ainda são submetidas, apontando como as reformas estruturais, particularmente a reforma política como o caminho para abrir na sociedade brasileira o real espaço da mulher.


Marcelino: Contra a mercantilização da imagem da mulher. Foto: Audicéa Rodrigues

A afirmação de Antonieta Trindade foi referendada pelo secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, Marcelino Granja (foto). "Mantido o atual sistema eleitoral não há condições de colocar as mulheres no papel, nos espaços que elas de fato deveriam ocupar. Nessa luta que o Brasil vive nos últimos anos, a partir da eleição de Lula, do grande avanço que a sociedade brasileira vem acumulando, introduzir no ambiente político a necessidade de empoderar a mulher passa a ser uma das questões fundamentais para a democratização do Brasil", afirmou Granja.

E elencou também a superação do capitalismo como "uma condição necessária" para a emancipação da mulher. "O capitalismo tem a magia de transformar tudo em mercadoria e em relação à mulher ele produziu algo fantástico: a comercialização da imagem mercadológica da mulher. Isso não é uma coisa menor, é uma coisa gravíssima".

Homenagens

Ocuparam ainda a tribuna a secretária da Mulher do Recife, Sílvia Cordeiro, que parabenizou a UBM pelo seu "um quarto de século" de existência; o presidente da Unacomo, Marcos Morais; o presidente da Câmara de Olinda, Marcelo Soares, que também parabenizou a entidade; Donana Cavalcanti; o secretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Olinda, Humberto de Jesus; e Irene Freire, representando as coordenações nacional e estadual da UBM.

“Nesses 25 anos de lutas, a UBM ajudou a criar e a consolidar muitas políticas públicas para as mulheres, mas é pouco, pois a desigualdade entre os gêneros ainda é grande. Hoje, uma mulher ocupa o mais alto cargo na política brasileira, mas ocupamos poucas cadeiras nos espaços públicos de poder, por exemplo. Por isso, a luta da União Brasileira de Mulheres não pode parar”, disse Irene, que anunciou também a realização do Congresso Nacional da entidade em 2014.


A opressão feminina traduzida em arte. Foto: Audicéa Rodrigues

Ainda durante o evento foram homenageadas as fundadoras da UBM Pernambuco, representadas por Maria Auxiliadora (Cila); Georgina Oliveira; Nizete Soares; Luci Siqueira; Márcia Ramos; Ceça Silva; Ceça Costa; Avani Santana; e Rosa Figueiredo, que receberam rosas.

Na abertura da sessão solene, atores da Companhia de Teatro Baú apresentaram um trecho da peça “Autônoma e linda”, uma adaptação do texto “Segundo sexo”, de Simone de Beauvoir.

Audicéa Rodrigues
Do Recife